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Ceará atinge média histórica de violência com 14 assassinatos por dia

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Ceará atinge média histórica de violência com 14 assassinatos por dia

O dia 15 de novembro de 2017 entra para a história do Ceará. Mas de forma negativa. E bem negativa. Foi nesta data que o estado bateu seu recorde histórico do número de assassinatos. Desde seu tempo de colonização, passando pela província até chegarmos ao atual momento, o Ceará jamais havia alcançado um patamar de violência tão absurdo quanto o que hoje é registrado. Entre os dias 1º de janeiro e 15 de novembro, nada menos, que 4.455 pessoas foram assassinadas  em terras cearenses. E, pelo andar da carruagem, até dezembro acabar serão mais de cinco mil.  A média/dia de crimes de morte no estado chegou a 14 crimes.

O recorde aconteceu menos de 24 horas após o governo apresentar os números de Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLIs) de outubro, que também quebrou outro recorde: o mais violento do ano. Somente nos 31 dias de outubro, nada mais, nada menos, que 516 pessoas foram assassinadas no estado, conforme as contas da própria SSPDS. Na realidade, este número foi bem maior, mas o órgão deixa de contabilizar os cadáveres de pessoas que são encontradas em situações que não seja a de homicídio recente, de horas. Também não entram nesta estatística oficial os mortos em confronto dentro de presídios e cadeias, nem aqueles que tombam por intervenção policial.

A CAPITAL DO MEDO

E Fortaleza vem, a cada mês, aumentando seu exército de mortos por conta da rivalidade entre as facções criminosas que dominam o estado. Na capital, foram 1.616 assassinatos entre janeiro e outubro, contra 823 no mesmo período de 2016, o que representa uma elevação da ordem de 96,4 por cento, quase o dobro. Um estudo que começou a ser feito pela própria SSPDS revela  que a maioria das pessoas mortas nas ruas, avenidas, becos, travessas e favelas da cidade, mantinha algum tipo de relação com o tráfico de drogas e possuíam antecedentes criminais.  Esse estudo está sob a coordenação da delegada Socorro Portela, ex-diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e que entende muito bem do assunto. Sua equipe tem feito uma pesquisa profunda sobre o perfil das vítimas dos CVLIs no Ceará.

ZONA DE PERIGO E IMPUNIDADE

Cidades da Região Metropolitana de Fortaleza avançam nos índices da violência. Somente em Pacajus,  já foram 88 assassinatos neste ano. Em Horizonte, outros 73 casos. E o que falar de Maracanaú e Caucaia?  É o crime que vai estendendo suas garras por todo o estado. E já chegou a Sobral, Juazeiro, Russas, Limoeiro e muitos outros. Na Grande Fortaleza, as Delegacias Metropolitanas encontram sérias dificuldades de investigar tantos crimes assim. Por ordem da SSPDS, alguns Municípios da RMF já não são mais, sequer, atendidos pelas equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para levantamentos preliminares de locais de crimes. Quem tem que resolver é a própria delegacia local, que não dispõe de pessoal nem meios para tanto.  Faltam delegados, escrivães e, principalmente, policiais de rua (inspetores) para cair em campo e buscar a identificação dos assassinos. Com isso, a impunidade virou regra.

PEGOU MAL, MUITO MAL

Ainda repercute nas redes sociais aquela nota ao público emitida pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) acerca do episódio de violência ocorrido na noite da última segunda-feira (13) nas ruas da zona nobre da cidade, quando criminosos armados fizeram um “arrastão” começando pela Praça Luíza Távora ou Praça da Ceart, e foram parar num restaurante e num parque infantil na esquina das ruas Costa Barros e Carlos Vasconcelos, o “coração” da Aldeota e a poucos metros da delegacia do 2º DP, plantonista e seccional responsável pela Área Integrada de Segurança Um  (AIS-1). E não muito distante dali está localizado o Perímetro de Segurança do entorno do Palácio da Abolição, sede do governo cearense. A nota desmentindo a prática de “arrastão” e sim uma “briga de torcidas” tenta amenizar a gravidade do fato. Quem passou pelo sufoco no dia do incidente se mostrou indignado com o pronunciamento do órgão que deveria prover a segurança dos cidadãos.

MORTES CRUÉIS

Depois do episódio em que o estado do Ceará foi parar nas manchetes da Rede Globo, por conta da agressão a funcionários da emissora na praia de Jericoacoara, outro tombo o estado sofreu em sua imagem perante o país: a chacina que matou quatro jovens em um centro de semiliberdade destinado a menores infratores da lei. Logo, o crime ganhou as manchetes dos telejornais locais e nacionais. Não é para menos. Foi uma cena degradante e exibidora da ousadia dos criminosos de facções. O Centro Mártir Francisca, no bairro Sapiranga-Coité, não será o mesmo depois da fatídica madrugada de segunda-feira (13). Dos quase 40 adolescentes que ali pernoitavam, cumprindo medidas socioeducativas ordenadas pela Justiça, seis foram arrastados da cama, empurrados para a rua e quatro deles receberam tiros de escopeta na cara, ficando desfigurados. Morte brutal. Nos laudos cadavéricos que estão sendo elaborados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), certamente os legistas acentuarão “morte causada por meio insidioso ou cruel”.  O assunto ainda vai render…

BRIGA DE CACHORRO GRANDE

Promete esquentar a briga dos delegados de Polícia Civil com o governo, que já acenou com a possibilidade de autorizar a Polícia Militar a lavrar os chamados Termos Circunstanciados de Ocorrência, os TCOs. São procedimentos análogos ao flagrante, mas exclusivo em casos de cometimento de crimes de menor potencial ofensivo, e punidos com até dois anos de prisão e/ou pagamento de multa, como um dano a um veículo, por exemplo. A classe dos delegados já se manifestou antecipadamente e, estribada na lei e no entendimento já proferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alega que isso é uma usurpação de função e que cabe, exclusivamente, à Polícia Judiciária (Civil) a lavratura de tal procedimento.  Do outro lado, a PM já está se adiantando no assunto e já marcou até reunião com oficiais para tratar do tema. Essa polêmica é nacional, já causou desgastantes embates entre as duas polícias e respingou nos governos estaduais. Aqui, não será diferente. Será briga de cachorro grande, aguardem!

Com informações do blogdofernandoribeiro..

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