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Dona Helena faz sucesso com tapioca feita na pedra durante evento em Caucaia

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Dona Helena faz sucesso com tapioca feita na pedra durante evento em Caucaia

Natural de Guajiru, no Trairi, ela organiza a Casa das Tapiocas no Encontro Sesc Povos do Mar. O espaço segue aberto até o dia 28 de setembro, com o evento Herança Nativa

A fila que se forma em frente à Casa das Tapiocas, todos os anos, nos Encontros Sesc Povos do Mar e Herança Nativa, justifica a imersão total de Dona Helena em sua função. A carga de trabalho somada à timidez são os principais motivos para a tapioqueira de Guajiru, no Trairi, litoral oeste cearense, não querer parar nem um minutinho para dar entrevista. Mas, com um pouco de insistência, ela finalmente cede. “É que eu não gosto muito de falar, sabe minha filha?”, emenda.

Dona Helena ajudou a “levantar” a primeira Casa das Tapiocas desses eventos do Sesc, reunindo palhas para sua construção. “Nem ficava aqui, era naquele outro lado. Eu vim, passei uma semana, virei as palhas e aí fizemos as paredes. Ficou tudo arrumadinho”, lembra ao contemplar o espaço de trabalho em Iparana. Hoje, ela comanda uma linha de produção que envolve outras seis tapioqueiras de sua família, incluindo filha, sobrinha e noras; e também dois raladores de coco, um deles seu marido, Egídio, pelo qual não esconde a paixão: “É o homem mais lindo do mundo!”.

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Filha, sobrinha e noras de Dona Helena auxiliam na produção de tapiocas/FOTO: KID JÚNIOR

O saber aprendido desde cedo foi naturalmente repassado para as novas gerações. Apesar de não ter sido criada com o pai e a mãe biológica, Dona Helena se orgulha da família que construiu: sete filhos, nove netos e “duas bisnetinhas as coisas mais lindas”, paparica a bisavó.

A iguaria que ela serve é feita numa pedra acima do forno a lenha, da mesma forma como se fazia nas antigas casas de farinha. “No início da minha infância, eu raspei muita mandioca. Quando era no final da farinhada, todo mundo falava:  quem quiser fazer tapioca pra levar pra sua casa, pode fazer. Eu sempre fazia”, recorda.

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Tapioca feita na pedra sob o forno a lenha/FOTO: KID JÚNIOR

A motivação de dona Helena para produzir esse sabor tradicional segue até hoje. No começo, eram cerca de 300 kg de goma para quatro dias de atividades do Encontro Sesc Povos do Mar, mas hoje ela nem sabe mais com quanto trabalha. “Aumentou muito a demanda!”, ressalta. A fabricação na pedra é restrita em sua residência, no Trairi.  Sai caro comprar carvão quando a demanda é pouca. Mas caso apareçam muitos interessados, ela se dispõe a fazer.

Quando está trabalhando com o Sesc, ela tem ainda outro diferencial: o café que acompanha a tapioca é servido na quenga do coco. “A ideia era não usar copo descartável. Pegou demais. Todo mundo diz que fica até mais gostoso”, observa.

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Tapioca servida com café quentinho na quenga do coco/FOTO: KID JÚNIOR

Até o dia 28 de setembro, a Casa das Tapiocas segue aberta, garantindo a degustação gratuita aos visitantes do V Encontro Herança Nativa. Dona Helena, porém, entrega hoje (26), o bastão para os povos indígenas cearenses de diferentes etnias. Os Jenipapo Kanindé assumem a produção nesta quinta-feira à noite; os Anacés, na sexta-feira (27), e os Pitaguary, no sábado (28).

Agora, para encontrar a primeira anfitriã e comer de sua tapioca, é preciso ir até Guajiru. Lá, também estão à disposição para venda alguns produtos artesanais, feitos a partir da reciclagem de revistas, técnica que ela aprendeu com uma gaúcha há 27 anos. “Já é uma ajuda, porque sou aposentada, mas para quem tem família grande… Certo que todo mundo ganha seu dinheiro, mas casa de mamãe é tão bom, comida da mamãe é tão bom!”, brinca. O coração da artesã-tapioqueira é grande, e em seu lar, ao que parece, caberá sempre mais um visitante.

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Mais de 300 kg de goma são utilizados nos quatro dias de Encontro Sesc Povos do Mar/FOTO: KID JÚNIOR

Serviço 

Casa das Tapiocas no V Encontro Sesc Herança Nativa
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico

Dia 26/09, a partir das 18h, com o Povo Jenipapo Kanindé

Dia 27/09, das 8h às 11h e das 14h às 17h, com o Povo Anacé

Dia 28/09, das 8h às 11h e das 14h às 17h, com o Povo Pitaguary

Aberto ao público, com degustação gratuita

Informações e programação no site do Sesc.

Fonte: Diário do Nordeste

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