Pesquisa mapeou emissões em 13 locais de prática de esportes ao ar livre e aferiu substâncias que irritam olhos, mucosas e vias respiratórias.
O entorno do Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), na Avenida 13 de Maio, no Benfica, e a praça Bárbara de Alencar, na Avenida Heráclito Graça, na Aldeota, são os locais de Fortaleza com maior concentração de poluentes no ar, conforme estudo da Universidade Estadual do Ceará (Uece) em parceria com o próprio IFCE.
Os pesquisadores monitoraram 13 áreas urbanas desportivas nas sete Regionais da cidade. Durante três meses, foram realizadas medições nos períodos da manhã e tarde. Além das praças mencionadas, foram registradas grandes concentrações desses poluentes nos seguintes locais:
- Praça da Gentilândia, no Benfica
- Numa localizada na Avenida Leste-Oeste
- Na Praça Luiza Távora e na Praça das Flores, na Aldeota
As menores concentrações foram observadas na Praça Farias Brito, no Passaré, e na Praça do Detran, na Maraponga.
Danos à saúde e ao meio ambiente
Os poluentes emitidos contém o dióxido de nitrogênio (NO2), que pode prejudicar a função pulmonar, além de contribuir para chuvas ácidas e a formação do ozônio (O3); e o dióxido de enxofre (SO2), gerado em processos de combustão de diesel e gasolina que também irrita olhos, membranas mucosas e vias respiratórias.
“Monitorar a qualidade do ar é questão de saúde pública”, alerta a professora doutora Mona Lisa Moura, da Uece.
Os pesquisadores revelam que, embora as emissões de gases estejam abaixo das normas vigentes, há preocupação quanto ao tempo de exposição da população. “Por mais que você não veja, você está adoecendo. As duas extremidades etárias, idosos e crianças, podem sofrer problemas de saúde”, afirma Mona Lisa.
Reações alérgicas e problemas de pele podem ser indicativos da exposição prolongada às substâncias.
Horário de caminhadas
Conforme o estudo, muitos fortalezenses costumam frequentar praças a partir das 6h da manhã, o horário de surgimento dos raios solares. A luz do Sol reage com os gases emitidos pelos veículos e são capazes de originar poluentes secundários ainda mais danosos.
As concentrações de gases atingem níveis ainda maiores ao meio-dia. O ideal, conforme os pesquisadores, é iniciar a atividade física ao ar livre a partir das 17h45, ou em horários mais tarde da noite.
Fortaleza também foi é responsável por mais de 80% das emissões de poluentes de toda a Região Metropolitana, segundo outro levantamento do Laboratório de Conversão Energética e Emissões Atmosféricas (Laceema), integrante dos Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (Lais/Uece) em conjunto com IFCE, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Lisboa.
Monitoramento e fiscalização
Avenida Heráclito Graça é uma das vias com maior concentração de gases poluentes de veículos — Foto: Thiago Gadelha/G1
Para avaliar o impacto dessas emissões e subsidiar políticas públicas ambientais, a Prefeitura de Fortaleza lançou em 13 de maio uma licitação para a contratação de uma Central de Monitoramento do Ar, incluindo uma estação móvel.
Já a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), do Governo do Estado, adquiriu um equipamento semelhante que deve percorrer Fortaleza e outras áreas do Ceará, mapeando periodicamente o índice de qualidade do ar.
Já Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) realiza a fiscalização das atividades que geram poluentes atmosféricos em forma de gases, odores, fumaças ou poeiras. De acordo com lei municipal, essas atividades devem se submeter ao licenciamento ambiental concedido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).
Em 2019, até 14 de maio, a Agefis realizou 158 fiscalizações e 15 autuações pela ausência do licenciamento ambiental. No ano passado, foram 459 fiscalizações e 65 autuações