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Praia de Iracema e Praça do Crato recebem atos com cruzes em protesto a mortes de mulheres no Ceará

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Praia de Iracema e Praça do Crato recebem atos com cruzes em protesto a mortes de mulheres no Ceará

O Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza, e a Praça da Sé, no Centro do Crato, receberam nesta quinta-feira (20) atos contra os assassinatos de mulheres ocorridos neste ano no Ceará.

Um total de 315 cruzes pintadas de preto foram colocadas nos locais, que simboliza o número de mulheres mortas violentas no estado neste ano. Cada objeto recebeu os nomes das vítimas da violência.

Familiares de amigos de mulheres mortas que participaram do protesto repudiaram a violência e cobraram maior celeridade nas investigações dos crimes. De mãos dados, os participantes fizeram orações e realizaram homenagens em lembrança às vítimas.

Segundo o Fórum Cearense de Mulheres, organizador do ato, 315 mulheres foram assassinadas no Ceará até o dia 11 de setembro. Dez delas foram vítimas de feminicídio- morte da mulher em razão do sexo feminino. Os dados, conforme a entidade, foram obtidos junto à Secretaria da Segurança do Ceará.

Violência contra mulher

O ato, chamado “Amanhecer pela vida”, lembrou dessas vítimas com cruzes instaladas no Aterro da Praia de Itacema. Segudo o Fórum de Mulheres Cearenses, aumento em 60% o número de mulheres mortas neste ano. Em 2017, foram 210 mulheres mortas.

O número de assassinatos, no entanto, deve aumentar, já que duas mulheres foram assassinadas na madrugada deste quarta-feira (19). Um homem é suspeito de matar a facadas a ex-companheira e a sogra.

Conforme a Polícia Militar, o suspeito não teria aceitado o fim do relacionamento com a mulher. Ele foi até a residência das vítimas, no Bairro Fomento, e houve confusão entre o casal. Durante a briga, o suspeito atingiu a ex-companheira e a mãe dela com diversas facadas. O criminoso não foi preso.

Fórum Cearense de Mulheres realiza ato em homenagem às vítimas de feminicídio — Foto: Gustavo Portela/Fórum Cearense de Mulheres
Fórum Cearense de Mulheres realiza ato em homenagem às vítimas de feminicídio — Foto: Gustavo Portela/Fórum Cearense de Mulheres

Professoras mortas

Dentre as vítimas lembradas pelo ato, representantes do Fórum Cearense de Mulheres chamaram atenção para os assassinatos das professoras Silvany Inácio de Souza e Cidcleide Bezerra Campos, que foram mortas pelos ex-companheiros nos dias 19 de agosto e 16 de setembro, respectivamente, na cidade do Crato.

Silvany de Souza foi assassinada om um tiro no peito durante a festa da padroeira do Crato. O suspeito foi preso com três armas. Já Cidcleide Bezerra foi morta a facadas pelo ex-companheiro dentro de casa. O suspeito tentou cometer suicídio após o crime. Ele foi preso e segue internado sob escolta policial.

Perfil das vítimas

Mara Guedes, mebro Conselho de Defesa da Mulher Cratense, afirmou que a entidade contabiliza 13 casos de feminicídios na Região do Cariri. Ela afirma que é necessário criar uma rede maior de apoio às vítimas.

“A cada momento, a cada assassinato de nossas mulheres, precisamos lutar mais para quebrar essa cultura machista de quem mata mulheres só porque são mulheres, que é o caso do feminicídio”.

Sobre o perfil das mortes, Mara diz que, na maioria dos casos, são mulheres de classes sociais mais baixas. No entanto, o Conselho acredita que tem aumentado o número de casos em outras classes.

“O que a gente sabe que existe em comum é a violência de gênero. Antes, o perfil era de mulheres mais simples, da periferia, mulheres negras. Mas hoje a violência acontece em todas as classes sociais. Até mesmo quando a mulher cresce profissionalmente, pois o homem acha que pode ser dono da inteligência, do saber e do corpo da mulher”, afirmou.

Familiares e amigos de vítimas da violência realizaram homenagem na Praia de Iracema — Foto: Gustavo Portela/Fórum Cearense de Mulheres
Familiares e amigos de vítimas da violência realizaram homenagem na Praia de Iracema — Foto: Gustavo Portela/Fórum Cearense de Mulheres

Fonte:  Por Valdir Almeida, G1 CE

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