Sistema destinado a empresas de saúde conquistou o primeiro lugar em competição para brasileiros realizada no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Um aluno de engenharia de computação da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos juntamente com um estudante de engenharia mecatrônica da USP de São Paulo e um administrador criaram um software que calcula o risco de uma pessoa ser afetada por doenças crônicas em sua vida futura.
A iniciativa foi premiada com R$ 75 mil pelo primeiro lugar na HackBrazil, competição que premia ideias brasileiras inovadoras, realizada este mês no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston, nos Estados Unidos.
Para criar a tecnologia, Marinelli, juntamente com o administrador Pedro Freire e o estudante de engenharia mecatrônica da USP Rafael Faleck Rejtman, criaram a startup Blue, mesmo nome do software.
Os três se conheceram por meio de um grupo virtual da USP e começaram a idealizar o projeto de maneira remota com parte da equipe no Brasil e parte nos EUA.
A ideia do software foi de Freire. A inspiração foi sua experiência pessoal com os avós que tiveram câncer durante sua adolescência, o que o sensibilizou a pesquisar mais sobre como evitar o sofrimento que a doença havia causado aos seus avós e a sua família.
“Descobrimos que 30% dos casos poderiam ter sido evitados se fossem previstos e prevenidos. O que significaria também 30% na redução dos custos de tratamentos com doentes crônicos hoje no Brasil, o que representam um gasto de 15 bilhões de reais anuais para os planos de saúde”, disse Marinelli.
Análise de dados
O sistema analisa um banco de dados hospitalares e laboratoriais que contém informações que vão desde consultas e exames realizados até nível de glicose, hábitos alimentares, frequência de atividade física e o histórico de saúde na família e, por meio de inteligência artificial, estima as chances de o usuário vir a desenvolver determinadas doenças.
Software desenvolvido por alunos da USP calcula risco de uma pessoa desenvolver doença crônica — Foto: Reprodução/Blue
As informações são extraídas do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e do censo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde.
“A nossa missão é prever doenças crônicas antes que elas cheguem a estados irreversíveis”, afirmou o estudante Igor Marinelli, um dos criadores do software, que falou com o G1 dos EUA, onde está em um intercâmbio na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Problema comum
As doenças crônicas representam 70% de todos os óbitos registrados anualmente no mundo e são responsáveis pela morte de cerca de 41 milhões de pessoas por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e grande parte dessas mortes poderia ser evitada com um diagnóstico precoce.
De acordo com dados de 2018 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 40% dos idosos do Brasil são afetados por alguma doença crônica.
Atualmente, o sistema consegue prever os riscos de uma pessoa ser diagnosticada com diabetes e doenças cardiovasculares, mas seus idealizadores pretendem usar o prêmio para ampliá-lo e incluir outras doenças.
Crescimento
“O prêmio será utilizado para a expansão da coleta das bases de dados, integração com dispositivos wearables como apple watch, integração com dispositivos genéticos e integração de outros tipos de doenças crônicas, como Mal de Alzheimer, outras doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças respiratórias crônicas (bronquite, asma, DPO, rinite), câncer e doenças metabólicas (obesidade, diabetes, dislipidemia)”, afirmou Marinelli.
Com apenas um semestre de trabalho, a Blue já possui dois clientes. O foco da startup são as empresas de planos de saúde. A intenção é cobrar mensalidades pelo uso do software com a estimativa de faturar até R$ 1 milhão em 12 meses.