A região demonstra ter uma coluna de água de 50 m de profundidade, com extensão de 10 km por 1,5 km de largura
A Secretaria de Agricultura e Pecuária deste Município da região Centro-Sul do Estado do Ceará confirmou a existência de um aquífero sedimentar na bacia da Lagoa do Julião, na zona rural, próximo ao centro urbano. Operários já concluíram no último fim de semana cinco sondagens que comprovaram os estudos geofísicos com expectativa de vazão entre 50 a 100 mil litros por hora.
O geólogo da Secretaria, Magno Régis de Oliveira, disse que os estudos geofísicos realizados na semana passada confirmaram as histórias narradas por produtores rurais, de que a região sempre foi favorável à existência de água subterrânea em abundância. “O que a geologia nos mostra é que, no passado, milhões de anos atrás, o Rio Jaguaribe passou por lá, onde deixou sedimentos e água e onde se formou um aquífero”, explicou. “É uma área muito boa e as sondagens estão confirmando”.
O secretário de Agricultura e Pecuária do município, Hildernando Barreto, mostrou-se otimista com o trabalho feito por duas equipes de sondagens, que usam trado (perfurador) manual para coleta do solo. “Encontramos argila, areia e água em abundância com apenas seis metros de profundidade”, pontou. “Queremos perfurar o primeiro poço raso na próxima sexta-feira para medir e confirmar a vazão”.
De acordo com as sondagens geofísicas, a região demonstra ter uma coluna de água de até 50 metros de profundidade, numa extensão de 10 quilômetros por 1,5 km de largura. “Juntando a história, poços perfurados e instalados por particulares na região e as sondagens agora temos uma noção real da existência do aquífero do Julião, com água em quantidade e de boa qualidade, sem excesso de dióxido de ferro”, comemorou Barreto.
O projeto inicial da Secretaria de Agricultura e Pecuária é perfurar 20 poços rasos na bacia do Julião a partir da próxima semana, com recursos próprios. “São poços rasos, perfurados manualmente, de 10 a 15 metros”, explicou Barreto. Duas equipes de três operários participam do trabalho. “Será uma reserva para complementar o abastecimento de água da cidade, que hoje é feito quase que exclusivamente pelo Açude Trussu”.
Barreto disse que os poços serão perfurados ao lado da adutora do Trussu, que transfere água do reservatório, localizado no distrito de Suassurana até a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Iguatu, numa distância de cerca 18 km. “São apenas dois, três metros ao lado da adutora”, frisou. “Foi na verdade uma feliz e grande coincidência”.
No futuro, a instalação dos poços e a interligação para a adutora do Trussu será feita pelo SAAE, que vai definir o sistema – se por meio de um reservatório ou injetando água diretamente na rede. “Essa será uma decisão adotada pelos técnicos do SAAE, mais à frente”, disse Barreto.
O Açude Trussu está com apenas 12% de sua capacidade e vai perder reserva nos próximos meses por evaporação e liberação de água para atender à demanda de Iguatu e da cidade de Acopiara. Segundo o escritório local da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o reservatório ainda tem volume suficiente para atender a necessidade de abastecimento humano até o fim da quadra invernosa de 2018, mas quando atingir o volume morto, a qualidade da água pode comprometer o seu uso.
A preocupação local é de que não ocorra recarga no Açude Trussu em 2018, daí o projeto de perfuração dos poços no aquífero Julião. “O nosso esforço é preventivo e para demonstrar a existência desse aquífero. Toda essa região precisa ser conservada, sem construção de fossas, talvez tornar-se uma área de preservação ambiental”.
Fonte de informação: Diário do Nordeste..