O diagnóstico de câncer, que para alguns pode ser uma sentença de morte, fez com que Verônica Aquino transformasse a corrida de rua uma aliada no tratamento contra a doença. “Estou arrastando um monte de gente”, diz
A vida da então auditora hospitalar virou do avesso em 2014 após a descoberta de um tumor maligno na mama. Como se já não bastasse a carga causada pelo tratamento, Verônica Aquino, de 51 anos, entrou em depressão após ser demitida. Sem emprego e sem dinheiro, ainda teve que lidar com o abandono dos familiares no decorrer da doença. “A nossa vida para, a de quem está perto da gente, não. No começo, nossa casa fica cheia, mas se a doença começa a se arrastar, as pessoas vão embora, deixam de visitar. Elas não ficam. Somos esquecidas, abandonadas, colocadas de lado”, lamenta Verônica.
Mas a agora artesã encontrou em uma sessão com um psicólogo uma nova inspiração para viver. “Ele me disse o seguinte: ‘Vou lhe atender de graça, vou lhe botar de pé e você vai sair para caminhar todos os dias. Não espere ficar bem para caminhar, você vai caminhar para ficar bem’. Não fiquei boa para começar a correr; doente, eu corria. Era o meu combustível”.
Aos poucos, ela começou a caminhar 10, 15 minutos por dia. Quando viu, já participava de maratonas. Nas sessões gratuitas, o psicólogo deixava Verônica para o último atendimento. Ela incentivava outras pacientes com câncer a procurarem um novo objetivo para seguir. Contagiando uma a uma com a sua história de superação, a nova maratonista usou as corridas para apoiar as mulheres e buscar qualidade de vida.
Gratidão
Verônica se emociona ao falar da gratidão das companheiras de prova. “Quando eu estou correndo e eu escuto uma delas dizer: ‘Comecei a correr por sua causa. Eu estava morrendo e você me tirou da cama’. Quem está doente precisa de alguém que arraste. Se botar essa pessoa para fazer o primeiro passo, ela faz o restante. Difícil é o primeiro passo. Eu quero correr mil km e arrastar quem estiver no percurso”.
Com mais de cinco anos lutando contra o câncer, Verônica está em observação devido ao histórico de familiares que tiveram a doença. Percorrendo maratonas tanto dentro quanto fora do Brasil, ela declara que a quilometragem das corridas é o que menos importa quando se tem pessoas que a usam como inspiração. “Atrás da minha camisa de corrida, tem escrito ‘Correndo contra o câncer’. Estou arrastando um monte de gente que está no meio do caminho”.
Fonte: Diário do Nordeste