Autoridade monetária não muda o nível da taxa básica desde setembro de 2022; governo critica patamar

O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou a manutenção da taxa básica, a Selic, em 13,75% ao ano pela 6ª reunião seguida. A decisão era esperada pelo mercado financeiro, apesar de desagradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados. O BC (Banco Central) publicou o comunicado nesta 4ª feira (3.mai.2023). Eis a íntegra do comunicado (137 KB).

O juro base está nesse patamar desde setembro de 2022 e acima de 2 dígitos desde fevereiro de 2022, ou seja, 15 meses. Segundo o Banco Central, a decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano foi unânime.

A autoridade monetária foi alvo de críticas de Lula, aliados governistas e integrantes da equipe econômica em 2023. Reclamaram, pelo menos, 30 vezes do nível elevado da Selic. A reunião de maio foi a 3ª no governo Lula. O Copom optou por manter a Selic em 13,75% ao ano em todos os encontros. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, defende que ainda é preciso manter nesse patamar para controlar a inflação do país, que está em 4,65% no acumulado de 12 meses até março.

A meta de inflação é de 3,25% em 2023 e de 3% em 2024. Ambos os objetivos inflacionários têm intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (de 1,75% a 4,75% em 2023 e de 1,5% a 4,5% em 2024). A inflação do Brasil ficou acima das metas dos últimos 2 anos. Campos Neto foi ao Senado por 2 ocasiões na semana passada para dar explicações sobre o patamar elevado dos juros.

O Banco Central foi uma das primeiras autoridades monetárias do mundo que se adiantou ao esforço de desinflação. Começou a aumentar a taxa Selic em março de 2021 e realizou o maior ciclo brasileiro de alta no século 21. O Copom optou por aumentar os juros em 11,75 pontos percentuais durante 12 reuniões seguidas, de março de 2021 a setembro de 2022. O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) subiu em 0,25 ponto percentual a taxa de juros nesta 4ª feira (3.mai.2023). Esse foi o 10º reajuste seguido. O intervalo aumentou de 4,75% a 5% para 5% a 5,25% ao ano.

INFLAÇÃO

Apesar do ciclo de alta da Selic no Brasil, o país descumpriu as metas de inflação em 2021 e em 2022. Em janeiro, a autoridade monetária precisou divulgar uma carta pública com explicações. Relembre a trajetória de inflação nos últimos 2 anos:

2021 – a meta era de 3,75% (com intervalo de tolerância de 2,25% a 5,25%), mas a taxa foi de 10,06%; 2022 – a meta era de 3,75% (com intervalo de tolerância de 2% a 5%), mas a taxa foi de 5,79%.

As estimativas mais recentes, divulgadas na 3ª feira (2.mai.2023), mostram que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terá alta de 6,05% em 2023. O patamar está acima da meta de 3,25%. As projeções são do Boletim Focus, do Banco Central. Os analistas também estimam a Selic em 12,50% ao ano no fim de 2023.

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