Fechadas desde o início da pandemia no Ceará, em março de 2020, boates e casas noturnas do entorno do Dragão do Mar pelejam para garantir a existência após sofrerem saques, roubos e arrombamentos

Desde o início da pandemia de coronavírus em Fortaleza, com o primeiro decreto publicado no dia 16 de março de 2020, as boates da Praia de Iracema – especificamente as do entorno do Centro Dragão do Mar – fecharam suas portas obedecendo às normas. Aos custos de aluguel e manutenção, foram incluídos, no entanto, o prejuízo da segurança. Na semana passada, furtaram um equipamento de som, computadores dos caixas e mais de R$ 15 mil em fiação somente da boate Armazém. Da antiga Music Box, roubaram os aparelhos de ar condicionado.

A boate Level afirma que sofreu um prejuízo de cerca de R$ 150 mil em saques e roubos. No mesmo período, o Cais Bar, espaço que congregou o nascer e a firmação de compositores do Estado nas décadas de 1980 e 1990 e foi permanentemente fechado em 2003, ali na rua Dragão do Mar, teve a estrutura totalmente saqueada.

“Estamos desde o dia 14 de março de 2020 sem poder trabalhar. Temos que pagar os aluguéis, a manutenção dos espaços e ainda temos que arcar com prejuízos como esse?”, indigna-se Leco Lima, sócio e promoter do Armazém. O empresário teve de colocar vigilantes em uma obra de outra casa noturna, a Gandaia, também da Praia de Iracema, por conta de saques que estavam ocorrendo no material de construção.

Parados há mais de um ano porque o motivo da existência das casas noturnas é justamente a aglomeração, ele cobra uma maior segurança na região. “Tivemos um prejuízo de R$ 30 mil somente de fiação. Minha vontade mesmo era de desistir de tudo porque não existe nem perspectiva de quando vamos voltar. E eu acho que isso é certíssimo. Sempre respeitamos os decretos. Agora, também queremos o respeito às nossas coisas”, conta.

Produtor de eventos responsável pela boate Level, Sérvulo Moreira conta que a expectativa é DE que a população inteira seja imunizada para que se possa voltar o mais rapidamente os eventos com aglomeração. Enquanto isso não acontece, ele espera que haja uma maior segurança nas casas noturnas. A Level teve invadido o estacionamento e o local onde era guardado os equipamentos de som. “Só não levaram os equipamentos porque nós já tínhamos retirado e colocado em outras boates”, conta.

A queixa dos empresários é a de que, apesar de haver uma cabine da Polícia Militar na Praça do Dragão do Mar, quando foram pedir ajuda para um dos assaltos, os agentes, segundo contam, ligaram e pediram que outra viatura fosse até o local. “Com isso, é possível que os criminosos levem tudo e vão embora”, conta Leco Lima.

Patrícia Carvalhedo, proprietária do Órbita Bar, conta que entram na boate, em média, de duas a três vezes por dia e que não dava tempo nem de “a pessoa arrumar as portas”, que haviam sido arrombadas. “Está uma loucura ali no Dragão do Mar. Entram em todos os lugares”, diz. Foram furtados fios de cobre e as pias, paredes foram arrebentadas e já tentaram levar até as portas. A empresária diz entender que, numa pandemia, locais de aglomeração precisam estar fechados e, desde o primeiro decreto, tem cumprido a determinação. O que ela pede é que haja alguma vigilância no local.

Ela conta que demorou um ano e meio para que a Órbita sofresse o primeiro roubo. “Levaram tudo. Torneira, pia, calha, tudo”, conta. Depois de 20 anos na área, ela acredita que a Órbita não vá sobreviver. Para ela, seria necessário investimento público. “Eu não acredito mais no uso do Dragão do Mar (como espaço) noturno. Ele precisava voltar a ter uma atividade diurna, com crianças, com famílias e negócios diversos”, aponta. Patrícia diz que todos os bares e boates pedem ajuda ao posto da Polícia Militar e eles se negam a ajudar.

Policiamento na área e retração de índice roubos

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que as Polícias Civil e Militar realizam um trabalho integrado para identificar e capturar os suspeitos envolvidos em roubos e furtos de estabelecimentos comerciais, na região da Praia de Iracema. A SSPDS ressalta que, de janeiro a julho de 2021, áreas como Aldeota, Cais do Porto, Meireles, Mucuripe, Praia de Iracema, Varjota e Vicente Pinzon registraram uma retração de 40,7% em comparação ao mesmo período do ano passado, nos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP). Ou seja, o número de 1.762 reduziu para 1.045. A região também apresentou redução de 25% nos índices de Furtos, indo de 1.748 ocorrências para 1.311.

Na última sexta-feira, dia 13 de agosto, um homem suspeito de furto a uma boate na região foi capturado pela PM e foi conduzido ao 2º Distrito Policial (DP), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), onde foi autuado em flagrante.

A SSPDS reforça ainda que o policiamento na área em questão é realizado durante o dia e a noite pelo Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), por meio de viatura, moto e ciclopatrulhamento, além de uma base fixa localizada na Praça do Dragão do Mar. Composições do 8º Batalhão Policial Militar (8ºBPM) também são empregadas na área, por meio de viaturas do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e da Força Tática (FT).

Ainda há, de acordo com a nota, o adicional de policiamento especializado, como o Comando de Policiamento de Choque (CPChoque), o Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) e o Regimento de Polícia Montada (RPMont).

Acerca do policiamento em base fixa, esse é efetuado por policiais militares a pé, por esse motivo, quando é necessário algum tipo de deslocamento e/ou perseguição a algum suspeito, torna-se imprescindível a solicitação de apoio a algum efetivo motorizado.

Nos casos de crimes contra o patrimônio e de furtos, a pasta sempre reforça a importância do registro do Boletim de Ocorrência (BO) para que as ocorrências cheguem ao conhecimento das forças policiais. Os crimes na Praia de Iracema e adjacências são investigados pelo 2° Distrito Policial.

Fonte: O Povo Online

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