Diante de uma abrupta separação no último minuto antes de selar o acordo, a Boeing decidiu levar a Embraer à justiça, após a brasileira ter feito o mesmo contra a americana.
Segundo a Reuters divulgou hoje, a Boeing entrou com um processo contra a brasileira em razão do fim do processo de compra da parte comercial da Embraer que, segundo a americana, não atingiu os requisitos necessários e se tornou inviável – sem dar detalhes a respeito.
Desde o fim do acordo, as empresas têm trocado acusações. A Embraer afirma que a Boeing só cancelou o negócio porque ficou sem dinheiro após a crise do MAX e a pandemia do Coronavírus, que resultou em uma série de desistências de encomendas.
Na época, o CEO da Boeing afirmou em comunicado interno que, apesar de “trabalhar diligentemente por dois anos para finalizar a transação – que incluiria joint ventures comerciais e de defesa – no final das contas, não conseguiram chegar a uma solução sobre condições críticas não satisfeitas para o negócio nos termos do nosso Master Transaction Agreement (MTA)”. O executivo complementou dizendo que era “profundamente decepcionante”, mas que a situação chegou a um ponto em que a negociação “não era mais útil”.
A declaração causou revolta na Embraer, que afirma “acreditar firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o MTA e que fabricou alegações falsas como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de US$ 4,2 bilhões”. A brasileira, em nota, continuou assim: “Acreditamos que a Boeing se envolveu em um padrão sistemático de atraso e violações repetidas do MTA, devido a sua falta de vontade de concluir a transação à luz de sua própria condição financeira e do 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação”.
A Embraer procurou uma corte arbitral para reclamar a multa de $75 milhões de dólares a que tem direito pelo distrato, além de pedir reparações pelas perdas resultantes de adaptações de processos internos e pessoas, que somariam $ 500 milhões de dólares.
Insistindo no seu argumento, a Boeing também decidiu seguir nesse caminho e deve procurar a corte pelo mesmo motivo: receber a multa, alegando que a Embraer descumpriu com sua obrigação, e cobrar alguma indenização pelo não fechamento do negócio.
Essa história ainda terá muitos desdobramentos.