(crédito: Arquivo Pessoal)

O “superfungo”, como vem sendo chamado, pode ocorrer em unidades hospitalares e é multirresistente, de difícil erradicação e identificação

Já circula pelo Brasil mais uma grave ameaça à saúde pública: a Candida auris, mais conhecida pelo apelido de “superfungo”. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o país está vivendo seu “terceiro surto” de Candida auris. Na última semana, foram confirmados 36 casos em Recife, conforme a Anvisa. Em janeiro, já haviam sido registrados dois casos na Bahia. Ao longo da pandemia, outros 18 casos foram notificados.

Em sua participação no 3º Congresso Mineiro de Epidemiologia, Prevenção e Controle de Infecções e 6º Congresso Mineiro de Infectologia, em Belo Horizonte, em 11 de agosto, o assessor em microbiologia do Laboratório Lustosa, Hyllo Baeta, alertou para a gravidade da situação e afirmou que o país demandará milhões de reais em investimentos para controlar a Candida auris.

“Em 2019, foi publicado no The Journal of Infection, um surto em um hospital terciário em Londres, onde 34 pacientes adquiriram Candida auris. O custo deste surto, resultou em um gasto de mais de 1,2 milhão de euros”, exemplifica Hyllo Baeta.

Para o especialista, a Candida auris é perigosa por suas peculiaridades. “Ela pode ser multirresistente, ou seja, resiste aos antifúngicos usuais, é difícil de ser erradicada do ambiente, difícil de ser identificada, apresenta grande capacidade de causar surtos e tem alta mortalidade”, descreve.

Para o diagnóstico preciso, acrescenta Hyllo Baeta, é necessário identificação por espectrometria de massa no MALDI-TOF ou o sequenciamento genético.

Circulação restrita

O microbiologista esclarece que o “superfungo” não atinge a população de forma geral, mas, essencialmente, as unidades hospitalares.

Correm riscos de serem contaminados os pacientes em estado crítico, geralmente internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), ou os que estão há muito tempo hospitalizados, com muitos procedimentos invasivos.

Isso não descaracteriza a periculosidade da Candida. É preciso frear o avanço do fungo, antes que ele se dissemine para outras unidades hospitalares do país, podendo vir a provocar um alto número de mortes”, pondera Hyllo Baeta.

Segundo Hyllo Baeta, a Candida auris é um problema no ambiente hospitalar. “Ela pode permanecer por muito tempo na superfície dos ambientes, nos materiais médico hospitalares, como termômetros, superfícies de ventiladores mecânicos, bombas de infusão e no leito dos pacientes, que podem transmitir o fungo para outros pacientes. Por isso, ela se dissemina com certa facilidade. A persistência e a disseminação do fungo, apesar de todas as medidas de prevenção de infecção, devem-se a alta transmissibilidade, a capacidade de colonizar rapidamente a pele do paciente e o ambiente próximo a ele”.

Conforme ainda Hyllo Baeta, algumas medidas preventivas devem ser tomadas para controlar o “superfungo”. “Importante fazer a higiene das mãos, ter precaução e cuidado no contato de pacientes hospitalizados, desinfecção ambiental adequada, notificar todos os casos e implementar uma vigilância laboratorial eficiente”.

A origem


Hyllo Baeta ressalta que a Candida auris surgiu, simultaneamente em três continentes, devido a alguns fatores, entre eles o aumento da temperatura do planeta e a proliferação de poluentes, principalmente os antifúngicos. No Brasil, de acordo com a Anvisa, a primeira infecção causada pelo “superfungo” foi identificada em 2020, em Salvador.

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