Em cartaz na Casa D’Alva a partir desta sexta-feira (28), “Fênix” reúne representações de Hélio Oiticica, Mondrian, Matisse, entre outros artistas

Transversalidade. Das muitas feições possíveis que a palavra pode assumir, aquela ligada às artes plásticas é facilmente atribuída ao ofício de José Guedes. Veterano na seara, com 46 anos de carreira, o cearense elege o cruzamento de estéticas, linguagens e estilos de modo a fomentar um rico arsenal criativo, utilizando como instrumento primeiro a vontade de reconstrução.

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Obra de Hélio Oiticica integra panorama

Não à toa, a 40ª exposição individual sob sua assinatura, Fênix”, reflete intensamente esse princípio: parece se deixar arder em inspirado braseiro para, em seguida, renascer das próprias cinzas. O trabalho promove uma síntese da trajetória do artista ao mirar na expansão dos conceitos da pintura, tão notável nos percursos trilhados por ele, trazendo à superfície não só a marca conceitual dos nomes que lhe influenciaram como um poderoso recorte do quanto sabe pôr em diálogo instâncias distintas do saber intuitivo.

“É minha mostra mais radical”, confessa. “A história da arte sempre influenciou de certa forma as minhas criações. Algumas, ao longo desse tempo, têm uma referência direta com esse legado e com alguns artistas que, para mim, foram muito significativos, fizeram parte da minha formação”.

Nesse sentido, a radicalidade estaria exatamente no debruçar-se sobre composições de gigantes, como Henri Matisse (1869-1954) e Piet Mondrian (1872-1944), de maneira a torná-los tema da exposição.

Acontece assim: José Guedes elege algumas das mais representativas obras de um artista, fotografa, imprime, amassa e, a partir daí, reconstrói por meio da luz e sombra que esse “amassado” gera.

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A obra “amassada” de Mondrian por José Guedes

“É como se para continuar a minha trajetória, eu tivesse que simbolicamente destruir tudo que aprendi e criar um novo recomeço”, explica, detalhando os passos.

O resultado pode ser conferido a partir desta sexta-feira (28), a partir das 19h30, na Casa D’Alva, quando acontece a abertura da mostra. Ela segue em cartaz no espaço até o dia 10 de agosto.

Visualidades

Antes de chegar a Fortaleza, “Fênix” transitou por Paris – no ano passado, foi apresentada pela primeira vez na exposição individual “Entre les Lignes”, no Espace Angel Orensanz – e São Paulo, onde aconteceu a estreia nacional, no espaço da Sergio Gonçalves Galeria. O positivo retorno de amplas partes é uma constante na fala de José. “Recebi uma resposta muito positiva do ponto de vista crítico, de mercado e do público”, avalia.

Muitas das acaloradas considerações, segundo ele, nascem a partir daquilo que compõe a espinha dorsal do trabalho: o jogo de visualidades entre realidade e ilusão, arte moderna e novas tecnologias. Os métodos escolhidos pelo artista espelham isso, criando um evidente diálogo com a época atual, especialmente por depender de diversidade de inovações – de impressão, apreensão de imagens, entre outras, basilares para a empreitada.

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Francês Henri Matisse e sua criação na mostra

Há algo, contudo, que vai além: a questão conceitual da ruptura e da reconstrução. Os termos, aliados ao caminhar de Guedes, estão no livro homônimo à mostra, com texto e organização de Daniela Bousso, historiadora, crítica e curadora de arte contemporânea. A obra será lançada no decorrer da exposição, que não para.

“Depois de concluído o livro, várias obras já foram criadas. Reinventar-se dentro do que já inventou é um desafio constante”, considera.

Serviço
Abertura da exposição “Fênix”, de José Guedes
Nesta sexta-feira (28), a partir das 19h30, na Casa D’Alva (Rua João Brígido, 934, Joaquim Távora). Em cartaz até o dia 10 de agosto. Visitação: De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e, aos sábados, das 10h às 14h. Contato: (85) 3252-6948

Fonte: Diário do Nordeste

 

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