nvestigado, preso, cassado, condenado, depois absolvido, derrotado nas eleições de 2022, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, quer voltar a ocupar uma cadeira no plenário em 2026.

Mesmo sem mandato, ele se mantém ativo nos bastidores de Brasília, em articulação de projetos de lei e estratégias para políticos do seu grupo.

“Com certeza absoluta estarei nas urnas em 2026, só não sei por onde. Não sei se será São Paulo, Rio de Janeiro, e por qual partido será ainda”, disse com exclusividade ao CNN Entrevistas, deste sábado (13). Ao avaliar o quadro político do Rio, Cunha pondera que não irá atrapalhar a carreira da filha, Danielle Cunha (União-RJ), deputada de primeiro mandato.

À CNN, Cunha disse que impediu que a presidência da Câmara continuasse a ser, nas palavras dele, “uma assistente de governo”. A gestão de Cunha rendeu superpoderes ao Legislativo, o que, para ele, pode significar o título de presidente mais poderoso da Câmara, desde a redemocratização. “É a historia que tem que julgar, no tempo. Mas você pode dizer o seguinte, você foi muito poderoso, você derrubou uma presidente da República”, destacou.

Cunha foi alvo de mais de dez operações da Polícia Federal. Na entrevista à CNN, rebate um a um dos casos. Chegou a ser condenado por corrupção, lavagem de dinheiro, com penas superiores a 15 anos. Após romper com o governo e conduzir o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, perdeu muitos apoios porque foi pego pela Lava Jato. Cunha foi cassado em novembro de 2016 em um processo iniciado no Conselho de Ética da Câmara por ter ocultado a existência de contas bancárias no exterior.

Após absolvições e processos anulados, que recomeçaram a ser analisados na justiça eleitoral, Cunha está diante de um novo momento político e jurídico.

“A Vaza Jato (divulgação de conversas confidenciais de integrantes da Operação Lava Jato) trouxe muitos detalhes, na qual a minha defesa só teve acesso recentemente.

Estou fazendo uma perícia dos HDs e para mostrar a má fé daquela quadrilha dos procuradores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro. Há muitas coisas pendentes de julgamento. Mas esse HD vai comprovar todas as manipulações feitas contra mim. Não houve investigação. Houve ali uma manipulação”, disse.

Apesar de cassado, Cunha obteve liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que liberou sua candidatura nas eleições de 2022. A inelegibilidade, porém, ainda é uma questão em aberto porque há dúvidas sobre a contagem do prazo. Se levado em consideração o tempo que restava para concluir o mandato, mais o período de 8 anos que a lei prevê de inelegibilidade, acabaria em 2027. Mas há quem defenda que a contagem inicie a partir do momento da cassação. No caso de Cunha, como ocorreu em 2016, a punição acabaria em setembro agora de 2024.

Foro privilegiado

De deputado cassado retornou ao centro das articulações em Brasília e avalista de movimentos da centro direita. É um dos defensores do fim do foro privilegiado, ideia que tramita no Congresso no formato de proposta de emenda constitucional.

“Com a ressalva das medidas cautelares serem feitas pelo Supremo, o grande problema é evitar que os parlamentares sejam sujeitos pelos mais de 5 mil juízes (de primeira instância). Cada um com seus instintos para ter um protagonismo momentâneo. Tem que acabar o foro privilegiado para todo mundo”, disse.

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