Sem garantias para manter a alimentação e os cuidados necessários com os animais, representantes interrompem operações de resgate
Com o estoque de ração quase zerado e uma dívida que ultrapassa o valor de R$ 150 mil, o Abrigo São Lázaro já não irá realizar novos resgates na Capital.
Atualmente, cerca de 1.200 animais, entre cães e gatos, estão sob a tutela da instituição, que não tem como garantir o bem-estar de todos. Restam pouquíssimos sacos de ração no espaço destinado a abrigar a alimentação dos animais, a quantidade não é suficiente nem mesmo para um único dia.
“Sabemos que nem todos os animais vão comer hoje. Já está faltando, não estamos conseguindo manter um estoque. As pessoas perguntam o que o abrigo precisa, e eu digo que o abrigo tá precisando de tudo. Ração, material de limpeza, ajuda com as despesas no veterinário”, explica Apollo Vicz, 27, representante do abrigo.
Por dia, são necessários cerca de 360 kg de ração para alimentar todos os animais, de acordo com Apollo, os gastos diários, apenas com alimentação, chegam a R$ 1 mil.
“Quando a gente não recebe a ração em si, o dinheiro que entra na conta nós usamos para comprar ração, porém estamos devendo R$ 160 mil em clínicas veterinárias, a demanda tá muito grande”, lamenta o representante.
Além da falta de alimento, a preocupação clínica com os animais também tem aumentado. Atualmente, o abrigo conta com 30 animais em um ambulatório, que aguardam por exames ou algum tipo de atendimento veterinário.
“Damos um remedinho para dor, um vermífugo, mas os casos são críticos. Temos animais atropelados, queimados, com câncer e que fazem tratamento de cinomose e, aqui, nós não temos esse suporte, precisamos mandar para a clínica veterinária”, afirma.
Devido ao alto valor das dívidas clínicas, o abrigo já não possui recursos para dar aos animais o atendimento necessário, o que traz aflição para aqueles que convivem de perto com os animais.
“Eles precisam de mais cuidados. Estamos fechando porque não estamos conseguindo cuidar dos daqui. Enquanto a gente não pagar as clínicas e não tiver ração, continuaremos fechados. Estou muito assustado, com muito medo mesmo”.
O abrigo funciona exclusivamente por meio de doações, 12 voluntários são responsáveis pelo local e realizam trabalhos de limpeza, troca de curativos, alimentação e aplicação de medicamentos.
Devido ao forte calor, típico da cidade de Fortaleza, os animais possuem ventiladores que ajudam a manter a temperatura apropriada para sobrevivência nas mais de 45 alas do abrigo. Entretanto, o cuidado custa caro, já que a conta de energia, mensalmente, chega a R$ 3 mil.
Criado em 1993, o abrigo São Lázaro possui mais de 113 mil seguidores nas redes sociais e pede ajuda diante de tamanha dificuldade. Uma postagem realizada no último fim de semana, por meio da página do abrigo, ganhou as redes sociais e já recebeu mais de 20 mil curtidas.
Apesar do bom alcance e da repercussão da situação crítica do abrigo, a instituição ainda precisa de atitudes práticas, é o que conta Apollo.
“Sinto uma felicidade, porque vejo muita gente compartilhando nossa situação, mas espero que as pessoas se mobilizem para ajudar, a gente depende só disso. Dependemos das doações, nós vivemos disso, pessoas que simpatizam com a causa.”
Como ajudar o abrigo?
Para evitar que mais cachorros sejam abandonados no abrigo, os administradores optam por não divulgar o endereço do local. Entretanto, por meio das redes sociais “ONG São Lázaro” ou “Apollo Vicz”, é possível entrar em contato com membros do abrigo e manifestar a intenção de contribuir com a causa.
Além de ração, produtos de limpeza e ajuda financeira para gastos clínicos, o abrigo também aceita peças de roupa e eletrônicos para a realização de bazar.
Outra forma de ajudar é baixando o aplicativo “Sua nota tem valor” e selecionar o Abrigo São Lázaro como instituição beneficiada. Toda compra que constar o CPF cadastrado no aplicativo terá parte do valor destinado ao abrigo.
Diante da falta de estoque de ração, o abrigo necessita de doações com urgência para que os animais não fiquem sem alimento durante os próximos dias.
“É muito complicado você andar pelo abrigo sabendo que os animais estão com fome e brigando por comida. A gente não tem o que fazer, ficamos desesperados”, lamenta Apollo, que mesmo diante das adversidades não perde a esperança em dias melhores.
“Espero que amanhã eu possa gravar um stories dizendo que conseguimos estocar ração ou que pagamos uma parte da dívida nas clínicas. A gente conta com Deus, não sabemos o dia de amanhã. A situação é complicada”, finaliza.
Fonte: O Povo Online