O surgimento da rachadura levou preocupação e medo aos moradores da região do médio e baixo Jaguaribe
Começaram esta semana os trabalhos de fechamento da rachadura que surgiu em um dos pilares da parede do Açude Castanhão . Operários começaram a trabalhar no fechamento de uma trinca no pilar da 12ª . o maior Açude do Ceará. A rachadura foi observada por técnicos do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) em setembro de 2014. No dia 27 de janeiro de 2016, o Diário do Nordeste noticiou a sua existência. A obra estava prevista para iniciar em março de 2016, mas somente começou agora e inclui outros serviços, orçada em R$ 15,640 milhões.
A existência da rachadura causou medo entre os moradores da região e preocupação entre os engenheiros do Grupo de Trabalho em Segurança de Barragem do Dnocs, órgão responsável pela administração do reservatório. Segundo relatório, a trinca vertical apresenta extensão de 3,5 metros da linha de soleira da 12ª comporta, situada entre os blocos 12 e 13, a 8,5 metros da junta de dilatação da face montante (onde represa a água).
A rachadura apresenta uma largura média de 8mm no início e profundidade de pelo menos 15 cm. O operário que começou a trabalhar ontem no serviço de junção disse que não dá para ter uma ideia exata da penetração da trinca e nem do prazo de conclusão do serviço, que é minucioso com uso de balança de precisão para medir a quantidade certa do material empregado, aditivo e fibra sintética de polipropileno, no conserto da trinca.
O conjunto de obras de recuperação e modernização da Barragem do Castanhão inclui o fechamento da trinca, pavimentação de vias de acesso à parede com asfalto e paralelepípedo, na tomada de água e na válvula dispersora, limpeza e pintura das comportas, restauração dos imóveis (escritórios e casas).
O coordenador substituto do Complexo Castanhão, Fernando Pimentel, disse que o atraso na obra deveu-se a questões legais e administrativas características do serviço público, que tem de aguardar liberação de recursos, dotação orçamentária e promover licitações. “O corpo técnico do Dnocs acompanha a obra e estamos felizes pela realização dos serviços. Vamos realizar com a melhor qualidade”, frisou. Sobre os boatos de um dano maior causado pela rachadura, ele observou que o serviço visa eliminar o problema. “Quem tem de falar sobre isso é o corpo técnico e é preciso separar o conhecimento da engenharia do temor popular”, disse.
O Grupo de Trabalho em Segurança de Barragem elaborou dois relatórios técnicos. Os engenheiros apontaram a necessidade urgente de intervenção para preservar a integridade da barragem. O Castanhão está localizado em uma região sísmica e a fissura poderia acarretar dano. Na época, a Diretoria de Infraestrutura do Dnocs assegurou que não houve dano à estrutura do vertedouro, mas apenas dilatação de uma junta e a fissura teria se estabilizado sem expansão.
Havia um temor de que em 2016 houvesse recarga de água no reservatório, atingido o nível da rachadura, sem que houvesse tempo para o conserto. Entretanto, após cinco anos seguidos de chuvas abaixo da média, a barragem vem perdendo água a cada ano e atualmente acumula apenas 4,9% de sua capacidade.
Neste mês de fevereiro, o Castanhão poderia atingir o volume morto, mas graças à transferência de água do Açude Orós e um pouco de recarga das chuvas, houve um aumento, na última semana, de 10cm. “Estamos em um período invernoso, mas, como o Castanhão está com o nível muito baixo, não haverá problema com o andamento da obra. A água está distante 500 metros da parede”, observou Fernando Pimentel.
Os recursos para a execução das obras de recuperação e modernização da Barragem do Castanhão, de R$ 15,643 milhões, são oriundos do Ministério da Integração Nacional (MI), repassados para o Dnocs. A obra começou em janeiro e tem término previsto para o fim de agosto.
Fonte: DN