“Jesus Cristo” é, de fato, um nome universalmente reconhecível.
Independentemente de crenças religiosas, “Jesus Cristo” é, de fato, um nome universalmente reconhecível. No entanto, esse não é, nem de longe, o nome original da principal figura do cristianismo. A nomenclatura correta, no caso, é Yeshua, um termo de raiz hebraica que significa “salvar” ou “salvação”.
Para muitos estudiosos, a nomenclatura acima seria o nome correto de Jesus Cristo, o nome que deveríamos estar utilizando hoje. O termo, em hebraico, é forma abreviada de Yehoshua, que foi traduzido para o português como Josué. “Yehoshua” significa “o Eterno salva”, uma descrição abrangente de divindade e glória.
“Yeshua”, além disso, era um nome judaico bastante comum na época em que Jesus estava vivo. Tão comum que, em Israel, arqueólogos descobriram a nomenclatura esculpida em 71 cavernas funerárias.
Agora, por que tal nomenclatura não consta no Novo Testamento e na tradução de nossas bíblias? A resposta é simples: é uma questão de tradução.
A trajetória do nome
Com o objetivo de alcançar o amplo ambiente greco-romano, os autores do Novo Testamento tinham como incumbência divulgar a mensagem da salvação além das fronteiras de Israel. Em grego, o nome “Yeshua” possui uma fonética estranha, já que no grego não existe o som “ch”. A nomenclatura também é estranha para os gregos porque um nome que termina em “a” se assemelha a um nome feminino. Os nomes masculinos normalmente terminavam em “-os” ou “-ous”. Assim, Yeshua foi adaptado para Iäsous (a segunda sílaba é a tônica).
Na versão em latim, o nome foi transformado em Iesus, forma o qual foi assimilado pelos europeus e outras nações. Conhecemos a forma original desse nome através do sucessor de Moisés, Josué, a forma pré-babilônica de Yeshua. No idioma grego do Novo Testamento, Josué também é chamado de Iäsous, ou seja, Iesus, como consta na Carta aos Hebreus 4.8. A nomenclatura foi introduzida à Septuaginta, no século 2 a.C., que era a tradução oficial da Escritura Sagrada hebraica para o grego. Originalmente, Josué se chamava Hoshua, até que Moisés o renomeou como Ye-Hoshua.
De acordo com o filósofo em religião Schalom Ben-Chorin, esse é o nome que constava na cruz de Jesus, em forma de acrônimo. A cena, descrita em João 19:20, aponta que os romanos pregaram na cruz um cartaz dizendo “O Rei dos Judeus”. Esta inscrição tornou-se padrão de representações da crucificação no cristianismo ocidental durante séculos como “INRI”, uma abreviação para Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum (Jesus, o rei nazareno dos judeus).
Como o latim era a língua preferida da Igreja Católica, “Yeshua” foi o nome de Cristo que tornou-se conhecido em toda a Europa. Até mesmo na publicação, de 1611, da Bíblia, King James usou a grafia “Iesus”.
Jesus, a nomenclatura
Agora, é difícil identificar de onde exatamente veio a grafia de “Jesus”. Especula-se que veio da Suíça. Quando a rainha Bloody Mary assumiu o trono inglês, em 1553, eruditos protestantes ingleses fugiram. Os que haviam deixado o país, encontraram refúgio em Genebra. Foi lá que uma equipe de mentes inglesas começou a realizar a tradução da Bíblia de Genebra, que usava a grafia suíça “Jesus”. A Bíblia de Genebra foi uma tradução extremamente popular, tanto que foi citada por Shakespeare e Milton em suas obras. Em 1769, a maioria das traduções inglesas da Bíblia estava usando a grafia Yeshua.