A pandemia do coronavírus estimulou o consumo de álcool no Brasil. Um dos problemas para mulheres grávidas que ingerem bebida é a Síndrome Alcóolica Fetal (SAF)
O consumo de cerveja atingiu a marca recorde e está na rotina de 68,6% dos brasileiros maiores de 18 anos durante a pandemia de Covid-19, segundo pesquisa da Kantar, empresa de dados e consultoria. Contudo, o consumo de álcool deve ser desestimulado para pessoas que buscam engravidar e para as gestantes, tendo em vista riscos de complicações no feto.
Um dos problemas é a Síndrome Alcóolica Fetal (SAF), conjunto de sintomas desenvolvidos pelo feto a partir do consumo de álcool da gestante. A substância atinge o cérebro e provoca diversas alterações. Apenas uma hora após o consumo, ocorre a absorção da bebida.
A SAF prejudica diretamente o desenvolvimento do feto, causando alterações faciais, microcefalia, malformações no sistema nervoso, cardíaco, urinário, digestivo e no esqueleto, segundo Ricardo Martins, obstetra e especialista em medicina fetal.
“Mesmo sem alterações visíveis, aquele bebê também pode apresentar dificuldades cognitivas. Então, é importante dizer, que o consumo de álcool pode ser prejudicial em todos os estágios de uma gravidez”, comenta.
O álcool ingerido entra na corrente sanguínea e vai para a placenta, mas não consegue ser metabolizado. Ainda não existem indicativos de quantidade segura para o consumo de bebidas durante a gestação.
Assim, a recomendação é que a mulher se abstenha durante todo o período da gravidez para prevenir quaisquer efeitos da SAF. A síndrome é uma das causas de déficit intelectual que podem ser prevenidas.
“Muitas mulheres que estão tentando engravidar também são encorajadas a não fazer uso de bebidas alcoólicas pois é necessário preparar o seu corpo para a gestação e, muitas vezes, a mulher pode estar grávida sem saber e o consumo de álcool pode causar sérios riscos”, acrescenta Ricardo.
Segundo o médico, o primeiro trimestre é um dos estágios mais delicados, onde o bebê está desenvolvendo a medula, cabeça, membros, pulmão, coração e fígado.
Tratamento e prevenção
A SAF não tem cura, apenas tratamento, que é feito por via medicamentosa e terapia comportamental. Com o acompanhamento médico e apoio familiar a criança pode amenizar algumas dificuldades causadas pela síndrome. Os pais, muitas vezes, precisam de treinamento para saber como lidar com alguma situações que possam surgir por conta da SAF.
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) destaca ainda a importância de medidas educativas para que as mulheres sejam adequadamente orientadas, do planejamento familiar à amamentação, sobre as consequências da ingestão de bebidas alcoólicas, especialmente no período gestacional.
O Cisa ressalta que a SAF é 100% atribuída ao álcool, bastando evitar totalmente a ingestão de bebidas alcoólicas durante a gestação, ou ao tentar engravidar, para preveni-la. Além disso, mulheres que estejam grávidas e por algum motivo consumiram álcool, devem interromper totalmente o uso o quanto antes a fim de minimizar os riscos.
Fonte: O Povo Online