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Depois de realizar o sonho de fazer intercâmbio, ex-aluna de escola pública ajuda outros jovens a estudarem fora do Brasil

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Depois de realizar o sonho de fazer intercâmbio, ex-aluna de escola pública ajuda outros jovens a estudarem fora do Brasil

Quando a jornalista de Mogi das Cruzes Ariane Noronha, de 28 anos, começou seu intercâmbio em 2014, na cidade de Virgínia nos Estados Unidos, não imaginou que a experiência causaria tanta transformação na vida dela.

Aluna de escola pública, ela nunca tinha pensado em fazer intercâmbio. Aos 23 anos, conheceu por meio de uma amiga um programa de babá que possibilitaria aprimorar o inglês e fazer cursos e decidiu que poderia realizar esse sonho.

Ariane Noronha decidiu fundar a ONG depois que fez um intercâmbio nos Estados Unidos — Foto: Ariane Noronha/Arquivo Pessoal

Ariane Noronha decidiu fundar a ONG depois que fez um intercâmbio nos Estados Unidos — Foto: Ariane Noronha/Arquivo Pessoal

Ariane então embarcou na experiência e, ao voltar ao Brasil em 2015, começou a dar aulas de inglês.

Em 2018, decidiu montar a ONG Soul Bílingue para ajudar jovens da periferia a realizarem o sonho do intercâmbio.

“A gente não tem informação e inglês suficiente. O intercâmbio é inacessível para quem não tem informação e conhecimento.”

Na ONG, os estudantes passam por uma imersão em inglês com aulas presenciais e mentorias com brasileiros que estão no exterior e também estrangeiros.

O projeto atende atualmente a 43 alunos. “Hoje são mais de 25 mentores. Cada aluno tem seu mentor para treinar a conversação. Eles também têm atendimento psicológico e educação financeira”, explica Ariane.

“Os interessados colocam dados pessoais, se tem o sonho de fazer intercâmbio, por que quer estudar inglês. Depois selecionamos os perfis que atendam os requisitos da ONG e fazemos entrevista individual, em grupo e em inglês.”

Ariane se despede no aeroporto de Arthur Rocha no dia do embarque para o intercâmbio na Nova Zelândia — Foto: André Pereira/ONG Soul Bílingue

Ariane se despede no aeroporto de Arthur Rocha no dia do embarque para o intercâmbio na Nova Zelândia — Foto: André Pereira/ONG Soul Bílingue

Ariane conta que três pessoas do Alto Tietê já fizeram o intercâmbio na Austrália e na Nova Zelândia por meio da ONG. A jornalista explica ainda que mais duas irão em breve para o Canadá e Malta.

O intercâmbio é viabilizado por meio de parcerias com empresas de educação e agências de viagem. Essas empresas dão descontos ou cobram o preço de custo para a organização da viagem.

Os alunos não pagam nada. Eles precisam levar dinheiro apenas para custear despesas pessoais como alimentação, transporte e lazer.

Os estudantes ficam hospedados em casas de famílias selecionadas pela escola onde vão estudar durante o intercâmbio.

“Apesar de todas as parcerias ainda precisamos trabalhar bastante para viabilizar o intercâmbio. Vendemos produtos da ONG. Os alunos têm uma meta mensal de vendas que vão para o ranking da Soul. A isso eles somam outros pontos por assiduidade, pontualidade na aula, desempenho nas provas, cumprimento das atividades e comparecimento na mentoria. Quem tem o melhor desempenho na soma de todos esses critérios consegue a bolsa para o intercâmbio”, explica Ariane.

A estadia no exterior dura quatro semanas. Este ano já participaram da experiência quatro estudantes de Poá e Itaquaquecetuba.

A ideia da ONG é capacitar os intercambistas para serem professores. Grande parte deles atuam como voluntários na entidade. “O objetivo é que eles devolvam para a comunidade o que receberam com o trabalho da ONG. Isso para virar um ciclo e ampliar o impacto da nossa atuação na comunidade”, explica Ariane.

Inscrições do Soul Bilíngue

A ONG está com inscrições abertas para próxima turma. Elas vão até 23 de junho.

Os interessados devem ter de 18 anos a 26 anos, morar no Alto Tietê e ter vindo de escola pública.

Quem conseguir a bolsa de intercâmbio após os 5 meses do programa pode ir estudar inglês por um mês Malta, Nova Zelândia, Austrália ou Canadá.

As inscrições devem ser feitas pela internet.

Novos horizontes

Aos 20 anos, Arthur Savio Moreira Montenegro Rocha, morador do bairro Cidade Kemel, em Poá, sonhava em fazer um intercâmbio quando encontrou a Soul Bilingue.

Arthur Rocha passou um mês na Nova Zelândia — Foto: Arthur Rocha/Arquivo Pessoal

Arthur Rocha passou um mês na Nova Zelândia — Foto: Arthur Rocha/Arquivo Pessoal

Depois de estudar na ONG, ele embarcou para a cidade de Queenstown, na Nova Zelândia, onde ficou um mês. “Fiquei muito feliz e emocionado. Sempre foi um sonho pra mim e ver a reação de orgulho da minha família foi maravilhoso.”

O estudante conta que durante sua permanência na Nova Zelândia acordava antes das 7h. “Depois do café ia para a escola e estudava das 9h às 15h. Quando saía da escola eu sempre procurava algo pra fazer com meus amigos ou procurava um lugar para visitar, sempre em busca de conhecer coisas novas.”

Arthur afirma que a viagem, acomodação e escola foram pagos pela ONG. E na casa onde ficou ele tinha direito ao café da manhã e jantar. “O dinheiro que eu levei foi para comprar coisas para mim e para comer algumas coisas fora de casa também.”

Além de estudar o idioma, o estudante conheceu vários lugarres durante o intercâmbio — Foto: Arthur Rocha/ Arquivo Pessoal

Além de estudar o idioma, o estudante conheceu vários lugares durante o intercâmbio — Foto: Arthur Rocha/ Arquivo Pessoal

O jovem classifica o mês que passou no exterior como o melhor da sua vida. “Vivi coisas maravilhosas, conheci pessoas incríveis, coisas que vou levar para vida toda. Eu percebi mudanças significativas na minha postura, na minha pontualidade, percebi que me tornei uma pessoa muito melhor.”

Agora, ele espera que o aprendizado e a fluência no inglês ajudem a abrir portas no mercado de trabalho. “Ainda não sai em busca de algo, mas já tive até algumas propostas e estou bem feliz.”

Arthur cursa o 6º semestre de direito e espera que o intercâmbio ajude a conquistar um espaço nessa área.

Tatiane Xavier estudou na cidade e Brisbane durante o intercâmbio na Austrália — Foto: Tatiane Xavier/Arquivo Pessoal

Tatiane Xavier estudou na cidade e Brisbane durante o intercâmbio na Austrália — Foto: Tatiane Xavier/Arquivo Pessoal

Tatiane Grazielly Xavier de 25 anos também mora em Poá e teve a oportunidade de fazer um intercâmbio na Austrália por causa da Soul Bílingue.

“Eu sempre gostei de inglês, mas nunca estudei em uma escola de idiomas. O que sabia era por ouvir música e assistir a séries legendadas. Mesmo assim sonhava com um intercâmbio, mas não tinha condições”, afirma Tatiane.

Após o período na ONG, ela embarcou para a Austrália onde ficou por um mês.

Tatiane com outros estudantes durante o intercâmbio — Foto: Tatiane Xavier/ Arquivo Pessoal

Tatiane com outros estudantes durante o intercâmbio — Foto: Tatiane Xavier/ Arquivo Pessoal

A rotina era formada pelas aulas na escola, lição de casa e turismo pela cidade de Brisbane onde ficou.

A expectativa de Tatiane depois do intercâmbio é conseguir um emprego e voltar a estudar. “A oportunidade vai abrir mais portas no mercado de trabalho. No momento procuro emprego. Eu fiz dois anos de faculdade de moda, mas tranquei porque não conseguia pagar. Agora pretendo retomar os estudos e fazer design de interiores.”

Tatiane também espera que a experiência seja um diferencial para conquistar um espaço. “Foi uma experiência incrível. Não só o inglês melhorou, mas eu mudei. Quero ter atitudes melhores e ficou claro para mim nessa viagem que o que faz um País é a educação.”

Fonte: Gladys Peixoto, G1 Mogi das Cruzes e Suzano

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