Projeto-piloto de passar da aplicação em papel para o computador começa a partir de 2020, afirmou o novo presidente do Inep, Alexandre Lopes, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (3).
Mapa mostra as 15 capitais brasileiras que participação da primeira edição do Enem digital, em 2020, em projeto-piloto — Foto: Rodrigo Sanches/G1
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai deixar de aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em papel a partir de 2026.
A transição do papel para o computador vai começar em 2020 com um projeto-piloto para 50 mil candidatos de 15 capitais, explicou Alexandre Lopes, o novo presidente do Inep, em entrevista coletiva a jornalistas em Brasília, na manhã desta quarta-feira (3).
Principais pontos das mudanças anunciadas:
- Em 2020, o Enem terá as duas aplicações anuais, além de uma aplicação em formato digital em dois dias de outubro;
- A aplicação em 2020 será em 15 capitais brasileiras: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP);
- A adesão dos candidatos será opcional no ato de inscrição, até um total de 50 mil participantes, o equivalente a 1% do total de participantes;
- O valor da inscrição será o mesmo para todos os participantes;
- O Inep estima investir cerca de R$ 20 milhões no projeto-piloto de 2020, e não pretende comprar novos computadores, mas sim usar equipamentos de instituições de ensino localizadas nas cidades participantes;
- Entre 2021 e 2025, o Inep ampliará o número de aplicações do Enem digital, ainda em formato piloto e participação opcional;
- A partir de 2026, o Enem será 100% digital;
- Tanto as provas objetivas quanto a prova de redação serão feitas em formato digital no piloto;
- O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) só passará ao formato digital a partir de 2026.
Alexandre Lopes, presidente do Inep, Abraham Weintraub, ministro da Educação, e Camilo Mussi, diretor substituto de Avaliação Básica do Inep, em entrevista coletiva nesta quarta (3 — Foto: Luis Fortes/MEC
Custo estimado em R$ 20 milhões
“As primeiras aplicações digitais serão opcionais”, informou o Ministério da Educação em uma nota distribuída aos jornalistas, explicando que a estimativa de custo do projeto-piloto é de R$ 20 milhões.
“Os participantes poderão escolher, no ato de inscrição, pela aplicação piloto no modelo digital ou pela tradicional prova em papel”, diz o comunicado, enfatizando que, “em caso de problemas logísticos na aplicação digital, o participante poderá participar da reaplicação”.
Na primeira aplicação do piloto, as 50 mil vagas serão preenchidas por ordem de chegada dos inscritos que optarem por participar dela no ato de inscrição.
“A gente acha que vai ter fila de espera para fazer o primeiro piloto. O nosso objetivo é fazer com 1% no primeiro piloto”, afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
O processo de inscrição será o mesmo para todos os candidatos, assim como o valor da taxa.
Aumento gradual de aplicações
Segundo Lopes, na edição de 2020, o Enem terá três aplicações, ao contrário das duas que ocorrem todo ano – uma regular e uma reaplicação para candidatos de locais de provas que enfrentaram problemas logísticos, na mesma data do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL).
“Ano que vem, 2020, teremos três aplicações do Enem, a regular em papel, a reaplicação e mais uma data de prova, o Enem digital, para 50 mil pessoas”, explicou Alexandre Lopes, presidente do Inep.
“Em 2021 [o Enem digital] continua sendo opcional, com duas provas digitais, além da aplicação regular. De 2022 a 2025 a gente vai aumentando a quantidade de provas ao longo do ano, atingindo quatro provas por ano”, disse Lopes sobre o escalonamento do Enem digital no período de transição. Em 2026, não haverá mais Enem aplicado em papel.
Datas do Enem 2020 definidas
O Enem digital em formato piloto em 2020 acontecerá nos dias 11 e 18 de outubro do ano que vem. Já o Enem regular acontecerá em 1º e 8 de novembro de 2020.
A reaplicação para os dois modelos acontecerá em dezembro.
Segurança
O ministro da Educação afirmou que a segurança do processo digital será garantida pelo Inep, e explicou que, atualmente, o processo de execução do Enem já é quase todo feito digitalmente. “A parte da aplicação é analógica, todo o resto é passado no computador”, disse Weintraub.
“O bandido, principalmente um bandido sofisticado, ele é um agente racional. Se é um louco, não tem capacidade de fazer uma fraude dessa. E um agente racional considera a relação risco-retorno”, afirmou ele.
O ministro ressaltou que tentativas de fraude seriam hipoteticamente mais fáceis na hora de atribuir a nota final de um candidato, com mudanças feitas diretamente no sistema, e não durante a aplicação do exame.
Bolsonaro não viu a prova do Enem 2019
Questionado durante a entrevista coletiva, Weintraub afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não teve acesso à prova do Enem 2019 – segundo o Inep, a mídia digital contendo o conteúdo desta edição foi entregue à gráfica na última sexta-feira (28), e a impressão será feita neste mês.
“Eu não li a prova, o presidente não leu, e o Camilo [Mussi] não leu”, disse o ministro da Educação, confirmando, em seguida, que Alexandre Lopes, recém-empossado presidente do Inep, tampouco teve acesso às questões que serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro.
“Não adianta pedir uma dica pra nenhum dos quatro, porque a gente não tem ideia do que tem nas questões. Antes da aplicação eu não pretendo ler. Ninguém vai ler, salve uma hecatombe nuclear. Eu tenho uma base estatística forte, então, zero probabilidade.” – Abraham Weintraub, ministro da Educação
*Estagiária, sob a supervisão de Ana Carolina Moreno