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Especial: Projeto leva crianças de escolas públicas para velejar em Fortaleza

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Especial: Projeto leva crianças de escolas públicas para velejar em Fortaleza

Na primeira matéria da série sobre inclusão através do esporte, conheça o #VemPraVela, que proporciona uma perspectiva diferente a jovens da Capital ao estabelecer um novo contato com as belezas da própria cidade

Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Os versos de Fernando Pessoa jogam poesia sobre o mar. Tais sentimentos podem ser confundidos com aqueles da menina Rafaela, de 12 anos, que, pela primeira vez, descobriu o encanto das águas, ao movimento das velas.

Ela e mais 50 crianças de escolas públicas iniciaram na última semana uma vivência inédita: aprender a velejar na costa de Fortaleza. Eles participaram do #VemPraVela, projeto social no Iate Clube que tem proposta de inclusão e desporto participativo através da prática da vela (iatismo).

O Diário do Nordeste inicia hoje série de três matérias que fecha o mês de outubro, conhecido como mês das crianças, mostrando iniciativas que utilizam o esporte como força motriz para o desenvolvimento social na capital cearense. A primeira traz a descoberta da navegação por jovens do bairro Vincente Pinzón.

Vincente Yañez Pínzon, histórico navegador espanhol, considerado o primeiro europeu a “descobrir” o Brasil (logo em terras cearenses), um ano antes de Pedro Álvares Cabral, dá nome ao bairro pobre da zona leste de Fortaleza que fica à beira-mar. E como ele, com coragem, com determinação e em busca da realização de sonhos, as crianças do bairro também foram “além-mar”, enfrentando o novo e superando incertezas.

Bracos
Maioria das crianças nunca havia passado pela experiência com barcos a vela/Foto: Natinho Rodrigues

A água, a praia, o vento. A natureza tão singela era próxima para garotas como Rafaela, moradora do bairro que homenageia o navegador espanhol, mas ao mesmo tempo era distante. Muitos dos meninos das comunidades nunca tinham desbravado os mistérios e belezas alencarinas, muito menos em um barco a vela.

Como Fernando Pessoa descreve o mar, “Deus ao mar o perigo e o abismo deu/ Mas nele é que espelhou o céu”, também os jovens se depararam com a beleza da costa. De tão distante ao ponto que parecia impossível, a descoberta do oceano, tal qual os navegadores portugueses, aconteceu. Desbravamento do azul, a inserção de sentimento de cor vibrante no imaginário infantil.

“Essa experiência foi muito legal aqui. Vai marcar muito para a minha vida. Nunca tinha entrado na água. Primeira vez. Foi uma experiência muito legal. Muita emoção, foi a primeira vez que andei de barco. Era uma coisa que queria fazer. Isso era uma coisa muito distante, mas isso aconteceu. A gente tem que acreditar no que a gente pode e no que a gente não pode fazer. Com certeza vou querer repetir a experiência”, comemorou a jovem Rafaela ao descer da sua “nau”.

Ela e os outros alunos da Escola Municipal José Ramos Torres de Melo viveram um dia diferente. Divididos em dois turnos, com acompanhamento de psicólogo, educador físico e agente ambiental, eles aprenderam conceitos de navegação e participaram de encontro peculiar com a natureza. “Nunca tinha entrado com barco a vela. A experiência foi boa, bem divertida. Já tinha tido vontade de entrar no barco. Sempre quis ir mas nunca tinha tido oportunidade. É bom, gostei. Eu quero entrar no esporte. Eu gosto de esporte. Pratico patins, skate, carimba”, contou a menina Emily, de 14 anos, que também participou do dia diferente à bordo da embarcação.

Sonho de atleta

Além de um contato com a natureza, o iatismo também é um esporte. É a modalidade que mais proporcionou ao Brasil conquistas olímpicas, mais precisamente 18, sendo 7 de ouro, 3 de prata e 8 de bronze. Feitos divididos entre homens e mulheres, a destacar as últimas campeãs Kahena Kunze e Martine Grael (Rio 2014), além do mítico Robert Scheidt.

Nathan, de 14 anos, também morador do bairro Vincente Pinzón, retornou do passeio de barco com uma ideia em mente, daquelas que todos desejam que se realize. Nathan quer ser atleta da vela e ganhar, além das belas paisagens ensolaradas, o brilho intenso de medalhas douradas como futuro atleta. “Essa foi minha primeira vez velejando. Fiquei muito feliz. Foi uma coisa nova. A gente tem que aprender essas coisas. A gente pode desenvolver, porque é uma coisa para o bem-estar. Deixa a pessoa mais confiante das coisas, não ter medo de entrar no mar. Me senti muito bem, tive medo na hora que o mar deu uma inclinada, mas deu tudo certo. Vou ver se consigo fazer algumas aulas para tentar aprender”, disse.

Projeto

O #VemPraVela é uma iniciativa da Federação de Vela e Motor do Estado do Ceará, em parceria com o Governo do Estado e a Enel. Conta também como apoio do Coletivo Humanáuticos, Iate Clube de Fortaleza e Capitania dos Portos do Estado do Ceará.

Foi criado com foco no desporto participativo, sendo assim, a empresa apoiadora deduz 100% do imposto a ser pago, dentro dos 2% do ICMS mensal (valor permitido pela Lei); possui o Certificado de Aprovação de Projeto – CAP, emitido pela Secretaria do Esporte e Juventude do Ceará desde 12 de dezembro de 2018. Os jovens monitores do projeto estão se tornando agentes transformadores em suas comunidades e isso é o que nos faz acreditar num mundo melhor. “Temos muito orgulho de mudar o cenário da vela no Estado e por fazer a diferença na vida dos jovens que lutam por um futuro melhor, com mais dignidade, paz e respeito”, disse Daniel Azevedo, Diretor Técnico da – FVMEC.

As atividades do #VemPraVela serão abertas a todos aqueles que se inscreverem e tiverem idade acima dos 11 anos. São 50 jovens por vivência (dia), divididos em dois turnos, com acompanhamento de psicólogo, educador físico e agente ambiental. Têm prioridade as escolas públicas estaduais, que terão a oportunidade de viver uma experiência única. E será estendido também para crianças de escolas particulares.

Para participar basta entrar em contato através do e-mail [email protected] ou no instagram (@fvmec). Segundo o projeto social, as portas estão abertas aos interessados.

Fonte: Diário do Nordeste

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