Mostra expõe documentos do Poder Legislativo de Fortaleza, datados de séculos passados

Na semana em que a capital cearense completou 293 anos – comemorados no último dia 13 deste mês -, fragmentos da história do povo fortalezense se tornaram acessíveis ao público.

Um minucioso processo de restauração possibilitou a recuperação de registros datados do século XIX e, inclusive, da época em que a cidade ainda se construía como vila, no século XVIII. Os arquivos são trechos de atas da antiga Câmara Municipal de Fortaleza (CMF), e uma significativa parte desse acervo compõe uma exposição no Instituto do Ceará, no Centro. A mostra segue durante o mês de maio.

“As atas estavam estragadas. Fizemos a leitura paleográfica porque são manuscritos, com uma caligrafia antiga e, depois, fizemos a digitalização”, explica o presidente do Instituto, Lúcio Alcântara, sobre as etapas deste minucioso processo.

O trabalho de recuperação durou cerca de um ano, de acordo com o presidente, e ainda não está finalizado. “Foi feita a reconstituição de seis livros e ainda faltam cerca de quatro para serem analisados”.

Formada por oito painéis, a exposição apresenta textos originais das reuniões realizadas pelo Legislativo municipal da época, inclusive a sessão extraordinária do dia 18 de novembro de 1889, exatamente três dias após a proclamação e instauração da República brasileira. “Finda a qual o cidadão Amulpho Pamplona, Presidente da Câmara, declarou em alta voz e com toda a solenidade achar-se constituído provisoriamente o governo do Estado Livre do Ceará da República Federativa Brazileira”, diz um trecho da ata, na forma escrita da época, e assinado nesta data.

O arquivo histórico completa ainda que “Todos os cidadãos devem obediencia e podem esperar a paz, a justica, e o progresso pela fraternidade, dando vivas a Republica Federativa Brazileira, ao Estado Livre do Ceará e ao Governo Provisorio”.

Após o período de exposição no Instituto, a mostra deve seguir para a atual Câmara Municipal.

Reunidos em livro

O presidente do Instituto do Ceará, Lúcio Alcântara, aponta a relevância do resgate das atas da Câmara para pesquisas sobre a cidade. “Importante é que vai ficar disponível para quem tiver interesse, inclusive estudiosos da história de Fortaleza, do Ceará”, pontua.

EXPOSIÇÃO ATA FORTALEZA
Sob posse do Instituto há cerca de 70 anos, os volumes das atas ficarão expostos ao público durante o mês de maio FOTO: HELENE SANTOS

O presidente do Instituto expõe o interesse em transformar os arquivos, ou pelo menos parte deles, em uma publicação impressa. “Vai depender de recursos, mas o objetivo é publicar pelo menos um volume, no qual vamos começar pelas atas mais antigas”, conta.

Difusão

Fundado em 1887, o Instituto do Ceará recebeu os anais da Câmara de Fortaleza, por meio de doação, de Raimundo de Alencar Araripe, prefeito da cidade entre 1936 e 1945.

A entidade é a mais antiga instituição cultural do Estado e uma das mais longevas do Brasil. Tem como finalidade o estudo e a difusão da História, da Geografia, da Antropologia e ciências afins. Localizado no Centro, o prédio histórico dispõe de uma hemeroteca que guarda periódicos produzidos nos séculos XIX, XX e XXI, a exemplo de “A República”, “O Ceará”, “O Cearense”, “O Unitário” e “Folha do Povo”. O espaço acomoda ainda biblioteca com 39 mil títulos.

Serviço
Exposição “Atas da Antiga Câmara Municipal de Fortaleza”
Data: Até 30 de maio
Local: Instituto do Ceará (Rua Barão do Rio Branco, 1594, Centro).
Horário de visitação: terça a sexta-feira, de 8h às 12h e de 13h30 às 16h30. Gratuito.

Fonte: Diário do Nordeste

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