Gustavo Gabriel Moraes de Souza teria divulgado áudio em que afirma que a facção Comando Vermelho cobraria “taxa de 30%” da empresa com quem “fechassem”

O homem preso, na última quinta-feira, 2, suspeito de integrar uma organização criminosa atuante no Pirambu estaria cobrando “taxas de 30%” de empresas de internet para que prestassem os serviços no bairro. Conforme relatório da Coordenadoria de Inteligência (Coin), Gustavo Gabriel Moraes de Souza, de 23 anos, divulgou em redes sociais um áudio com as determinações da facção criminosa Comando Vermelho (CV).

Guimê, como ele seria conhecido, teve a prisão anunciada nesta segunda-feira, 6, pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em depoimento, ele negou ter feito as cobranças, assim como disse que não integrava a facção e não era conhecido como Guimê. No áudio atribuído ao suspeito, ao qual O POVO teve acesso, um homem, que se identifica como Guimê, afirma que os “’irmãos” estão procurando uma empresa para “fechar”. Ele ainda diz que essa empresa teria de dar 30% para a “favela”, a fim de “ajudar moradores e famílias carentes”.

“Todos sabem que essas empresas de internet ganham dinheiro dentro de nossa quebrada, que nós conquistou com muita garra e muita luta, pra tá onde tamos, certo? E eles não ajudam com nada, nós todo dia tem luta e eles ficam só de camarote, só vendo nossa luta, ganhando dinheiro dentro de área nossa” (sic), diz no áudio.

O relatório ainda afirma que também circulou nas redes sociais um “salve” — ou seja, um texto com ordens e diretrizes elaborado por uma facção — assinado pelo CV em que é afirmado que apenas cinco empresas de internet estariam “autorizadas” a trabalhar em 13 localidades do bairro dominadas pela facção.

“Aparti de hoje nessas áreas so vai se aceita as internet que vai está ajudando a comunidade, deixando claro q todas podem ajuda e as q não quiser ajuda infelizmente vamos ter q tira de nossa área pós se não q ajuda e pq só tá pensando em ganha dentro da nossa área !” (sic), diz o texto. Não consta no auto de prisão em flagrante se alguma empresa pagou, efetivamente, a taxa.

O salve passou a circular em meados de julho passado. À época, O POVO conversou com representante de uma empresa que presta serviços no bairro e que não constava na lista de “autorizadas”. Ele, que terá a identidade preservada, confirmou que a mensagem estava circulando, mas disse que nenhuma ameaça ou ataque havia sido feito contra os funcionários da empresa. 

A prisão do suspeito foi realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) no próprio Pirambu. Na última sexta-feira, 3, Gustavo Gabriel foi submetido a audiência de custódia, que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva.

Na decisão, o juiz Cláudio Augusto Marques de Sales cita afirma que “em razão da periculosidade do flagranteado, não se mostra viável, para prevenção da ordem pública, a restituição da sua liberdade com aplicação de medidas cautelares menos gravosa, pois em liberdade, mesmo depois de ter cometido o crime noticiado neste procedimento, que reputo de extrema gravidade, sentir-se-á estimulado a praticar novos delitos”.

O juiz ainda determinou envio de ofício à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD) por causa de depoimento do flagranteado dando conta de que teria sido agredidos fisicamente pelos policiais que efetuaram a prisão. Laudo pericial, porém, não constatou ofensa à integridade corporal dele.

Fonte: O Povo Online

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