Foi isso o que expressou o embaixador do Irã no Brasil, Hossein Gharib, em entrevista à CNN Brasil
O desejo de comprar até 50 jatos regionais da fabricante brasileira Embraer segue vivo para os iranianos. Foi isso o que expressou o embaixador do Irã no Brasil, Hossein Gharib, em entrevista à CNN Brasil. As negociações foram interrompidas em 2017, logo depois que Trump chegou ao poder.
À época, a saída dos EUA do acordo nuclear com iranianos, seguida de novas sanções contra o país persa, afugentou as empresas de negociarem com o Irã negócios, dado o com receio de perderem negócios nos Estados Unidos. Com Biden, no entanto, há uma esperança esse cenário mude e medidas da época de Barack Obama sejam retomadas, o que viabilizaria negócios como o da Embraer.
Voltando em 2016
Para entender a história acerca do Irã, é necessário voltar em 2015, quando diversos países celebraram um Acordo Nuclear com o país islâmico, que concordaria em deixar analistas estrangeiros visitarem suas instalações nucleares para comprovar que não estavam enriquecendo urânio para produção de armas nucleares.
Na época, quem estava na Casa Branca era Obama, que sempre teve uma aproximação mais pacífica com o Irã e considerou uma das grandes vitórias do seu governo o fechamento deste acordo. Em compensação pela abertura e maior transparência na geração de energia nuclear, o Irã teve boa parte das sanções retiradas, facilitando os seus negócios no exterior, desde a década de 1970 bloqueados por duras sanções.
Com isso, era hora de ir às compras: apenas em 2016 a Iran Air, maior companhia aérea do país, comprou de uma só vez 98 jatos da Airbus e 107 da Boeing. A empresa, que era conhecida por usar aviões velhos, não via a hora de renovar e expandir sua frota.
Entretanto, não foi entregue nenhum avião da Boeing e foram entregues apenas três da Airbus antes que Trump chegasse ao poder.
As sanções
As sanções reimpostas por Trump dizem que nenhuma empresa americana pode vender algo para o Irã. Empresas estrangeiras que venderem seus produtos com componentes americanos para o Irã, sofrerão sanções.
Com isso, a própria Airbus ficou impossibilitada de vender os aviões, já que, apesar de serem construídos na Europa e contarem com aviônicos e motores locais, muitos componentes como processadores e pequenas peças são feitos nos EUA. Além de muitos dos clientes serem americanos.
Outro problema com as sanções é que os aviões comerciais, em sua maioria, são encomendados por empresas aéreas mas quem paga são os lessores, que são bancos e financeiras que alugam os jatos para as companhias. Com as sanções e sem confiança do mercado, as empresas aéreas iranianas não conseguem obter financiamento, e as fabricantes também não se arriscam em vender sem a empresa “dar o sinal” financeiro, como foi o caso da Boeing.
Com tudo isso, a Embraer ficou sem saída: se vender para o Irã sofrerá sanções que vão interromper o fornecimento de componentes essenciais para as centenas de aviões voando nos EUA, será processada e, por ser empresa de capital aberto listada na Bolsa de Nova Iorque, sofreria dezenas de ações por parte de seus acionistas, além da própria Comissão de Valores Imobiliários (SEC) de lá. Adicionalmente, os jatos brasileiros possuem motores, aviônicos e dezenas de outros componentes feitos nos EUA, que sofreriam corte de fornecimento.