
Cúpula da agremiação já se reuniu com equipe de transição e o próprio presidente eleito, onde apresentou seu desejo de ter três Ministérios no futuro governo do petista
A composição do futuro ministério de Lula, promete capítulos de lutas de várias agremiações que estiveram no palanque do petista durante a campanha, e também, por parte daquelas que já aderiram posteriormente ao novo governo que se instalará em janeiro de 2023.
E certamente não agradará a alguns pretendentes a uma vaga na Esplanada dos Ministérios. O MDB, de Simone Tebet, é uma dessas agremiações que já colocaram na mesa seu desejo. Em encontro de Baleia Rossi, presidente nacional do partido, com Lula nesta segunda-feira (28), foi explicitado o desejo de ser contemplado com pelo três vagas. No entanto, Lula acena com apenas um Ministério, algo que não deixou satisfeito o presidente da sigla.
Dúvida
O petista não esclareceu se nomearia a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como uma escolha pessoal ou se ela ocuparia uma vaga no primeiro escalão reservada à legenda. Lula e Baleia se reuniram na noite de segunda-feira no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde trabalha a equipe de transição.

Caso o pleito de emedebistas seja levado em conta por Lula, uma das cadeiras tende a ser ocupada por um senador da sigla, possivelmente o filho de Renan Calheiros, o recém-eleito, Renan Filho, ex-governador de Alagoas. Dessa forma, o PT contemplaria o clã, que trabalhou ativamente pela vitória do presidente eleito desde o primeiro turno.
O outro posto seria entregue a um deputado. Este poderia ser indicado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, que tem influência sobre a bancada da Câmara.
O terceiro ministério ficaria com Simone Tebet, que terminou o primeiro turno da corrida ao Palácio do Planalto em terceiro lugar e declarou apoio a Lula no segundo turno. O ingresso dela na campanha foi determinante para conquistar parte do eleitorado de centro, fundamental para a eleição do petista. No caso da senadora, o MDB trabalha para que Lula a considere uma escolha pessoal e assim conquistar um espaço mais generoso no governo.
Na conversa entre Lula e Baleia, o presidente eleito designou dois parlamentares da sua confiança para tratar com o MDB das questões relacionadas ao Congresso — Jaques Wagner (PT-BA), no Senado, e José Guimarães (PT-CE), na Câmara. A bancada de deputados emedebistas deverá acompanhar o PT e apoiar a reeleição do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Os petistas tentam formar o maior bloco partidário da Casa e assim ter direito a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante de todas. No Senado, o partido negocia a formação de um bloco com o União Brasil.
Disputa velada
Desde que a transição começou a engrenar, há uma disputa velada nos bastidores entre o PT e Tebet. Correligionários de Lula veem com bons olhos a indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o Ministério de Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo pagamento do Bolsa Família. Tebet, por sua vez, participa do grupo de transição relacionado ao tema e também é apontada como candidata à vaga. O PT teme, no entanto, que com o forte apelo eleitoral da pasta, ela se cacife para a disputa presidencial de 2026.

Diante da resistência do PT, integrantes do MDB aventam a possibilidade de a senadora dar uma guinada em seu plano inicial e apostar as suas fichas na pasta do Meio Ambiente. A área que ganhou mais importância nos últimos anos, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, cujas políticas voltadas ao setor foram duramente criticadas pela comunidade internacional. Nesse cenário, o próximo chefe da pasta deverá ter alta visibilidade. A disputa por esse ministério também é acirrada, com a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) e a ex-ministra Izabella Teixeira buscando a indicação.
O MDB tenta garantir relevância no futuro governo como forma de compensar a situação delicada que vive no Congresso. Dificilmente o partido vai conseguir lançar um nome competitivo para enfrentar Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara. No Senado, também há um alinhamento pelo apoio à recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao comando da Casa.
Com informações de O Globo.
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