Em semana ‘agitada’, agência espacial anunciou a PUNCH e a Dragonfly.
Essa semana a agência espacial norte americana (Nasa) decidiu que vai tirar do papel duas propostas para suas novas missões. Uma com objetivo de compreender melhor o Sol e a outra para estudar Titã.
A missão de estudo do Sol será relativamente barata, 150 milhões de dólares incluindo o preço do lançamento. Ela se constitui de quatro microssatélites que deverão orbitar a Terra a uma altitude de 500 km. Os quatro satélites estarão posicionados de tal maneira que o Sol será monitorado 24h por dia e, com a combinação das imagens de cada satélite, todo o disco solar será observado ao mesmo tempo.
Cada satélite irá carregar instrumentos específicos para medir a velocidade das partículas que o Sol emite, o vento solar, câmeras que enxergam a luz polarizada e a cora solar. Os microssatélites vão trabalhar em conjunto com a sonda Parker, a mais próxima a se aproximar do Sol e o orbitador solar da agência espacial europeia a ser lançado em 2020. Tudo isso irá fazer com que seja possível estudar e acompanhar o comportamento do Sol ao longo do seu ciclo com mapas em 3 dimensões, em lugar dos usuais mapas 2D.
E para que tudo isso?
Tudo isso visa melhorar a compreensão do Sol e melhorar as previsões de tempestades solares, por exemplo. Atividade solar intensa afeta satélites, comunicações e até mesmo a transmissão de energia elétrica na Terra. É de fundamental importância saber prever com antecedência tempestades que possam causar danos em nosso planeta.
A outra missão aprovada pela Nasa e anunciada na tarde de ontem chama-se Drangonfly, ou libélula em inglês, e tem um objetivo ambicioso: estudar Titã.
Ilustração mostra robô Dragonfly em aproximação da lua Titã — Foto: Nasa/JHU-APL
Titã é a maior lua do sistema de Saturno, é tão grande quanto um planeta e sua massa é suficiente para manter uma atmosfera densa. Sua atmosfera é composta majoritariamente por nitrogênio e um pouco de gás metano, além de frações minúsculas de hidrogênio e outros gases. Essa composição é muito parecida com o que se teoriza para a composição química da atmosfera terrestre no início do desenvolvimento da vida, quando ainda não havia oxigênio.
Além desse atrativo, a atmosfera densa faz com que seja possível manter o metano em forma líquida. Inclusive a sonda Cassini conseguiu imagens de lagos e mares de metano e, muito provavelmente, de etano também. O interessante disso é que há vários estudos mostrando que metano e etano líquidos são propícios para desenvolvimento de vida. Uma vida bem diferente da que estamos acostumados, que tem a água como meio de desenvolvimento.
Essas condições fazem de Titã um bom candidato a possuir vida, mas com uma temperatura da ordem de -175 graus Celsius não dá para esperar nenhuma estrutura complexa. As similaridades com o ambiente terrestre antigo e a existência de um meio aquoso, como os lagos de metano, fazem de Titã um alvo muito interessante para a astrobiologia.
Por isso a Nasa escolheu a missão Dragonfly em uma concorrência acirrada que se encerrou nesta quinta. A Drangonfly deve custar algo em torno de 1 bilhão de dólares, o valor de missões da classe Novas Fronteiras. Missões anteriores da mesma classe foram a New Horizons que visitou Júpiter a caminho de Plutão e a Osiris-REx que está atualmente em órbita do asteroide Bennu, mas que deve voltar à Terra com uma amostra dele.
A missão é muito interessante também do ponto de vista operacional, não apenas científico, pois a Dragonfly vai literalmente voar.
A sonda será na verdade um quadrucóptero, ou seja, um drone autônomo com 4 rotores. O drone irá chegar protegido por um escudo térmico, desacelerar por meio de paraquedas até ser lançado em sua atmosfera. É isso mesmo, o drone nem sequer chegará a pousar para começar sua missão. Voando desde a separação do módulo de entrada, o drone irá procurar um local propício para pouso.
A missão deve durar dois anos e meio, pelo menos, e deve cobrir centenas de quilômetros da superfície de Titã. Cada voo da Dragonfly terá autonomia de até 8 km. A ideia é decolar, procurar um local adequado e interessante cientificamente e pousar para estuda-lo. Não achou nada interessante? Volta para o ponto anterior e depois decola em outra direção.
A Dragonfly derrotou a missão CAESAR que propunha pousar no núcleo do cometa Churyumov-Gerasimenko, o mesmo visitado pela sonda Rosetta e o módulo de pouso Philae da agência espacial europeia ESA em 2014, para trazer uma amostra dele para estudos na Terra. Se tudo der certo, a Dragonfly deve ser lançada em 2026.
Fonte: Cassio Barbosa, G1