Prova do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos avaliará 4.583 internos em 2019. Se aprovados, os detentos de 19 unidades prisionais do Ceará poderão reduzir a pena em até 66 dias
Acesso à educação e alguns dias a menos separando-os da liberdade. A ‘dupla oportunidade’ se apresenta aos detentos de 19 unidades prisionais do Ceará através do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Neste ano, 4.583 internos realizarão a prova, 1.887 a mais que em 2018, um aumento de 70%.
A avaliação é voluntária e gratuita, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O assessor educação da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Rodrigo Moraes, explica que “o Encceja é como um supletivo. O aluno estuda ao longo do ano, e nesses dias ele tem seus conhecimentos avaliados”. De acordo com Moraes, os internos são consultados acerca de seu interesse em participar da prova, e foi observada uma evolução.
“No ano passado, tivemos 2.696 internos fazendo o Exame, e nesse ano já são 4.583. O projeto garante essa inclusão social do preso. A educação permite essa devolução do indivíduo à sociedade com melhores chances ao mercado de trabalho. Com o certificado de conclusão de ensino, as chances de conseguirem um emprego aumentam”.
Para participar da avaliação, é preciso ter o ensino fundamental incompleto, ou o ensino médio na mesma condição. Se aprovado, o detento ganha um certificado de conclusão da respectiva etapa de ensino, além da remição de pena, que varia de acordo com a conclusão alcançada. Aos que completam o ensino fundamental, são garantidos 66 dias a menos. Já no caso dos que terminam o ensino médio, são 50 dias a menos cumprindo a pena determinada.
A prova será aplicada nos dias 8 e 9 de outubro. Até lá, serão realizados ‘aulões’ preparatórios para o Exame, que começaram na última segunda-feira (9) e continuam até o dia 4 de outubro. As aulas acontecem nas quadras localizadas dentro dos presídios, e são conduzidas por 22 professores, sendo 16 para a Região Metropolitana de Fortaleza e seis para o Interior do Estado.
Os docentes oferecem dicas de preenchimento de gabarito, como ler atentamente o enunciado de cada questão, iniciar a prova pelas questões mais fáceis e recomendações de como se comportar nesse estilo de avaliação.
Ao longo do ano, antes do período que antecede o Encceja, os detentos são contemplados pela oferta educacional nas unidades prisionais. O ensino é feito na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), que inclui os níveis da Educação Básica. “Isso acontece ao longo do ano. Quando se aproxima da data do Encceja, eles são convidados a participar dos ‘aulões’, que acontecem concomitantemente com as aulas regulares”, destaca o assessor educacional da SAP.
Esperança
Ele esclarece que os internos que estão sendo alfabetizados, por exemplo, ainda não podem participar da prova, mas se sentem atraídos a continuarem com o aprendizado.
“Nesses ambientes, durante as aulas, os internos se sentem como se estivessem em outro mundo. Muitos dizem: ‘eu precisei ser preso pra poder concluir os meus estudos’. Estão aprendendo e se capacitando. Isso nos gera esperança”, relata Rodrigo Moraes.
Fonte: Diário do Nordeste