Parambu, no Sertão dos Inhamuns, foi o município com maior incidência de raios, registrando 584
Chuva no Ceará costuma ser sinônimo de alívio nas temperaturas e esperança de abastecimento dos reservatórios hídricos. Contudo, ela também pode trazer perigos: de janeiro a dezembro de 2016, a Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas registrou 70 mil raios nuvem-solo no Estado, média de 190 por dia. Segundo levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), o Ceará é o 4º do Nordeste e 19º no ranking de incidência geral dos estados brasileiros.
Na região, o Ceará aparece atrás apenas de Bahia, Maranhão e Piauí. Só nos primeiros 22 dias de 2017, as nuvens carregadas levaram à queda de 6.167 raios no Estado, conforme a Enel Distribuição Ceará. O número é quatro vezes maior se comparado ao mesmo período do ano passado. No último fim de semana, domingo (22) foi o dia com a maior ocorrência de descargas, registrando 301 raios.
Em 2017, Parambu, no Sertão dos Inhamuns, foi o município com maior incidência de raios, registrando 584, seguido de Granja, com 454, e Tauá, com 274. No ano passado, Granja havia sido a cidade cearense com a maior incidência: ao todo, foram 1.291 casos; em seguida, vieram Santa Quitéria, com 946, e Sobral, com 941. Contudo, segundo o Elat, embora o volume de raios seja alto, o Nordeste está localizado numa área de menor incidência. São as unidades do Sudeste e principalmente do Sul que concentram a maior densidade de raios do País, com Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul acumulando as ocorrências mais expressivas.
Conforme o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Davi Ferran, os raios se formam em nuvens conhecidas como cumulonimbus, que são mais densas, escuras e de grande altitude. Segundo a Climatempo Meteorologia, esse tipo de nuvem pode se formar em qualquer época do ano, mas os dias quentes e úmidos, típicos do verão, iniciado no dia 21 de dezembro, são os ideais para o desenvolvimento delas.
“Nas cumulonimbus, há presença de cristais de gelo que realizam uma grande movimentação junto às gotículas de água. Essa movimentação começa a formar diferenças de potencial elétrico entre as partes da nuvem e, eventualmente, ocorre uma descarga”, explica o especialista. O Corpo de Bombeiros do Ceará informa que, com intensidade típica de 30 mil ampères, os raios podem causar danos ao meio ambiente e ao patrimônio, lesões físicas e até mesmo a morte.
Queimaduras
O órgão alerta que as vítimas podem sofrer queimaduras, ferimentos graves e paradas cardíacas ou cardiopulmonares, ainda que, na maioria das vezes, elas sejam atingidas por correntes elétricas indiretas. Devido à imprevisibilidade do fenômeno, o órgão sugere a adoção de medidas que podem salvar as vítimas, como o início imediato da massagem cardiorrespiratória.
O Elat estima que, em média, 111 mortes por raios ocorrem no Brasil a cada ano, e é justamente o verão a época de maior incidência do fenômeno. No Ceará, o grupo informa que ocorreu uma morte por raio em Santana do Acaraú, em 2016 e, em 2017, uma em Caririaçu.
Para se precaver dos perigos durante tempestade, o grupo indica ser importante buscar veículos fechados, moradias com proteção contra raios ou abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis. Já a Enel explica que o monitoramento dos raios busca orientar as equipes de manutenção da empresa no Estado sobre danos provocados na rede elétrica.
Fonte: DN