É o que estima um levantamento organizado pelo Ministério da Saúde com oito doenças. Segundo os pesquisadores, o valor tende a aumentar
Os brasileiros bebem demais. Ao menos, é o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). Num ranking de consumidores de álcool, divulgado pela OMS em 2014, o Brasil ocupava a 53ª posição em um universo de 195 países. Se todo o álcool consumido no Brasil fosse dividido pelos brasileiros com mais de 15 anos, cada um teria para si cerca de 8 litros para beber em um ano. A quantidade talvez não o assuste, mas está acima da média mundial, de 6,2 litros por pessoa.
Esses números preocupam porque o consumo excessivo de álcool é apontado como causa importante para o desenvolvimento de 200 enfermidades. Males que variam de cirrose a câncer de mama. Um levantamento organizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde tentou estimar qual o impacto financeiro de tratar essas doenças associadas ao alcoolismo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Algo em torno de US$ 8,2 milhões por ano. O esforço foi coordenado pelo professor Denizar Vianna, da Uerj.
Há anos, Vianna e seus colegas tentam estimar os custos gerados pelo tratamento de doenças crônicas para o SUS. Problemas provocados por obesidade ou diabetes e que, em alguns casos, poderiam ter sido evitados por meio de ações de prevenção e mudança de hábitos. Nos últimos anos, Vianna diz ter começado a dar mais atenção para o alcoolismo: “Nós temos dois grandes problemas de saúde com os quais vamos ter de lidar neste século”, diz o professor. “Um deles é a obesidade, e todas as questões relacionadas a ela. O outro problema é o alcoolismo, cujo peso tende a aumentar.”