Em liberdade condicional, Bruno quer retomar a vida no futebol, a despeito da resistência que encontre do meio, após o período de sete anos na prisão. No entanto, o ex-goleiro do Flamengo precisa resolver questões burocráticas antes de acertar com um novo clube. Nos próximos dias, os representantes de sua carreira deverão ouvir equipes interessadas. Antes disso, porém, precisam debater a validade do vínculo com o Montes Claros Futebol Clube.
Bruno deixou a prisão na última sexta-feira, graças a uma liminar deferida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, que permite que o jogador recorra em liberdade da condenação por sequestro, morte e ocultação do cadáver da modelo Eliza Samudio (mãe de um filho do goleiro).
Condenado a 22 anos e 3 meses de prisão, o antigo atleta do Flamengo deixou a Apac (Associação de Proteção e Assistência a Condenados), na cidade mineira de Santa Luzia. A expectativa é de que, aos 32 anos, Bruno tente retornar ao futebol nas próximas semanas.
“Tem algumas propostas, que assim que ele saiu vários clubes (procuraram). Tem clubes de Série A, clube de Série B, tem um clube grande. Inclusive, dia 6 de março eu estou indo neste clube grande para saber realmente. Porque uma pessoa falou para mim que não tinha interesse, e outra falou que tinha. Então a gente vai estar sentando para ver isso”, afirmou Lúcio Mauro, um dos empresários de Bruno, em contato com a reportagem do UOL.
Dilema 1: vínculo com o Montes Claros ainda vale?
O Boletim Informativo Diário (BID) da CBF indica que Bruno Fernandes das Dores de Souza tem contrato em vigência com o Montes Claros. O acordo entre o clube e o jogador teve início oficialmente em 2014 e expira em 27 de fevereiro de 2019. Por isso, os mineiros aguardam o contato do estafe do goleiro para negociar sua eventual liberação para outra equipe, mediante ao pagamento de multa rescisória.
No entanto, apesar da relação em contrato, o clube de divisões inferiores de Minas Gerais jamais pagou salário em juízo a Bruno. Desta forma, legalmente, basta que o goleiro acione a Justiça trabalhista para ficar livre para decidir sua vida profissional. Mesmo neste cenário, o Montes Claros espera por uma resolução amigável, que envolva dinheiro.
“Se ele tiver alguma gratidão com a gente, tudo bem. Eu fui o primeiro a procurar o Bruno e, na época, eu apanhei muito com isso, fui criticado. Mas, como presidente de clube, eu sei que três meses sem salários bastam para o jogador poder entrar na Justiça e ganhar o passe livre. Ele está registrado no Montes Claros, mas o meu objetivo nunca foi ganhar dinheiro com o Bruno, simplesmente eu queria ver ele fora da prisão. Então, se ele tiver bom senso, não precisa entrar na Justiça contra a gente. É somente os empresários dele ligarem para mim e vamos conversar para se ter uma pequena compensação”, disse Ville Mocellin, presidente Montes Claros FC, em entrevista ao UOL.