Com o apoio de boias no mar, a Funceme acompanha os níveis de temperatura e a formação de ventos
Os oceanos Pacífico e Atlântico são os principais agentes de mudança na temperatura e nas condições de chuva do Ceará. Movimentos de nuvens frias e quentes podem ser determinantes para a formação de boas precipitações nas quadras chuvosas, historicamente de fevereiro a maio. De acordo com o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, a possibilidade de El Niño atrapalhar as chuvas em 2018 é “quase zero”. Em Fortaleza, especialistas estrangeiros estão reunidos para discutir sobre o assunto na 22ª reunião anual da conferência de colaboração internacional conhecida por projeto Pirata, até a próxima sexta-feira (10).
Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Paulo Nobre, o Oceano Atlântico coordena e modula a posição da Zona de Convergência, o que influencia nas precipitações. “Quando o Atlântico Sul está quente, a Zona de Convergência desce e chove. Quando o Atlântico Norte está quente, a Zona de Convergência quase desce, mas volta rápido para o Hemisfério Norte e acaba com a chuva. A chuva vem pela Zona de Convergência Intertropical”, explica o especialista.
Segundo o presidente da Funceme, Eduardo Martins, o órgão estadual acompanha diariamente as condições que impactam à região litorânea do Estado. “É importante ter um sistema de monitoramento que nos permita entender a evolução das zonas frias e quentes do Oceano Pacífico onde temos 12 boias de monitoramento. A ideia é chamar mais atenção para o Atlântico, algo que vem acontecendo com mais dedicação de órgãos como a Marinha do Brasil. Atualmente, boias monitoram as temperaturas, além dos níveis de salinidade em várias profundidades e as zonas de calor. “São esses pontos que determinam os atratores de vento e isso que traz umidade ou não”, explica.
Apesar do Inpe apontar condições favoráveis de precipitações futuras, o meteorologista da Funceme Raul Fritz afirma que não é o momento certo para definir qualquer previsão. “No momento não diria em condições. O Oceano Atlântico passa por uma neutralidade. Até o início da nossa estação chuvosa, ele costuma variar. Até fevereiro, quando começa a estação chuvosa, o Atlântico deve ter outro perfil. Por isso, a importância do acompanhamento diário para termos uma ideia da previsão da chuva”, explica o profissional.
Fenômenos
Conforme Fritz, outros fenômenos que estão sendo acompanhando pelos órgãos do tempo, inclusive no Ceará, são o El Niño e o La Niña. “Se você tem o fenômeno La Niña no Oceano Pacífico, que favorece as chuvas, se ela existir na época que a gente precisa e o Atlântico não estiver favorável, pode ser que o La Niña não tenha tanto efeito para as chuvas. Agora, por outro lado, se percebe o El Niño que afeta a chuva, na época da estação chuvoso, geralmente ele tem uma força grande para prejudicar as precipitações. Atualmente, temos um início de La Niña. Ela ainda não se configurou plenamente. Apesar da previsão dizer que não vá demorar”.
Para o Oceano Atlântico, a Funceme aguarda uma definição melhor das formações de nuvens, pois existe mudança semana a semana o que muda o padrão de temperatura.
Com informações do DN