Com a invenção, a instituição conquista sua 10° carta patente. O revestimento pode ser usado em diversos alimentos, como frutos e hortaliças
A Universidade Federal do Ceará (UFC) anunciou nesta segunda-feira, 9, a conquista de sua 14ª carta patente. O mérito é devido a invenção de um revestimento que aumenta a durabilidade dos frutos pós-colheita. O produto, desenvolvido no Departamento de Engenharia de Alimentos (DEAL), vinculado ao Centro de Ciências Agrárias da UFC, é feito com uma base de soro de leite e óleo essencial de erva-doce.
De acordo com comunicado da instituição, a eficiência do revestimento foi comprovada a partir de testes utilizando o mamão como fruta-modelo, da espécie Carica papaya L. A escolha se deu pela importância econômica que o fruto tem, bem como por ser suscetível a diferentes doenças depois de ser colhido. Por conta de seu alto nível de comercialização, o mamão também sofre com alto percentual de perdas.
As frutas usadas estavam em estado 2 de maturação, quando a fruta está com apenas 25% da superfície amarelada. Todos foram higienizados, imersos no revestimento, secados e acondicionados em caixas plásticas e armazenados à temperatura de 12º C. Os resultados indicaram que, com o revestimento, houve aumento de até 10 dias no tempo de vida útil do alimento. O mamão sem revestimento, por outro lado, mudou sua coloração em 13 dias. Já o mamão revestido chegou no mesmo estágio em 23 dias.
“O principal diferencial [do revestimento] se deve ao fato de ser formulado com base em produtos naturais”, destaca a professora Lucicléia Barros, que assina a invenção. Ela ressalta que se trata de “uma tecnologia limpa para tratamento pós-colheita de frutas e hortaliças, capaz de promover o aumento da vida útil sem deixar resíduos tóxicos”.
O revestimento pode ser aplicado também em outros alimentos, entre frutos e hortaliças, sendo necessário apenas ajustes nas proporções das substâncias que o compõem. “Ao passo que esse revestimento aumenta o tempo de vida útil de vegetais, aumenta também o prazo para comercialização, consequentemente reduzindo o descarte”, aponta. Segundo a professora, no Brasil, as perdas na cadeia de frutas e hortaliças podem chegar a até 40%.
Patente
A invenção teve origem na dissertação de mestrado da pesquisadora Jorgiane da Silva Severino Lima, no Programa de Pós-Graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Já o pedido de depósito para a invenção foi feito em fevereiro de 2016 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), sendo a carta expedida em julho deste ano. Assina ainda como inventor o professor José Maria Carvalho de Castro.
A perspectiva da equipe com a patente é estabelecer parcerias com setores empresariais. “Temos expectativas de uma aproximação cada vez maior entre a UFC e o setor produtivo e esperamos consolidar a transferência dessa tecnologia para empresas atuantes no setor agroalimentar”, projeta a professora Lucicléia Barros.
Fonte: O Povo Online