O ácaro encontrado em pombos pode causar lesões vermelhas e irritadiças na pele, em um ou múltiplos pontos do corpo. O tratamento varia para cada paciente, e pode incluir pomadas ou, em casos mais graves, medicação oral

Apesar de já integrarem o cenário urbano como elementos comuns, há mais por trás da figura “inofensiva” dos pombos. As aves podem carregar uma espécie de ácaro, conhecido como ‘piolho-de-pombo’, cujo contato com o ser humano tem efeitos similares a picadas de mosquitos ou outros insetos. O resultado são lesões na pele e coceiras, que precisam de tratamento. Assim, é necessária atenção a mais para obter o diagnóstico correto.

“Muitas vezes aparecem lesões vermelhas e irritadas na pele, que coçam bastante. Essas lesões podem ser únicas ou, em alguns casos menos comuns, disseminadas no corpo, dependendo da quantidade de piolho que contaminou, e da área em que houve o contato na pele”, descreve a dermatologista Carla Teixeira.

Uma das espécies mais comuns é a Dermanyssus gallinae, que possui cinco fases evolutivas: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. Durante as três últimas, o ácaro se alimenta de sangue.

Na maioria das vezes, após o contato, o ‘piolho’ se desprende da pele da pessoa, o que representa um novo obstáculo para identificar a real causa das lesões. “Precisamos lembrar onde andamos, se tivemos contato. Se na nossa casa, em períodos de chuva, pode ficar água empoçada. O ácaro pode entrar até no ar-condicionado, se o pombo tiver contato com o equipamento. O piolho pode cair e entrar na casa da pessoa”, alerta.

Cuidados

Para tratar a doença, é preciso buscar a orientação específica de um médico dermatologista, uma vez que os cuidados variam a cada caso. Em situações consideradas mais simples, onde só há uma ou poucas lesões, são prescritos medicamentos como corticoides ou pomadas. “Em casos mais graves, a gente precisa começar uma medicação oral”, diz Teixeira.

As formas de prevenção resumem-se a uma única recomendação: evitar o contato com pombos. A dermatologista ressalta que, por se tratar de um ácaro, repelentes são pouco eficazes para inibir sua aproximação.

Os efeitos do parasita também são evidentes nos pássaros, que são acometidos por anemia, debilidade, redução na produção de ovos e perda de peso. Pombos e pardais podem ser usados como veículos ou reservatórios pelo ácaro.

Os riscos à saúde associados aos pombos não se limitam ao ‘piolho’. As fezes das aves podem ser contaminadas por fungos, tornando-se potenciais transmissoras de doenças causadas por estes organismos. As principais são histoplasmose, que afeta principalmente os pulmões, e a criptococose, que pode afetar pele, olhos, ossos e pulmões.

“São mais comuns em pessoas que têm imunidade baixa, muito comum em pessoas com HIV/Aids, e pode causar doenças bem graves, como meningite e infecção no pulmão”, destaca.

Patrimônios públicos também são afetados por danos decorrentes da presença excessiva dos pombos, uma vez que as fezes ácidas dos animais corroem estátuas e outros materiais em prédios. Outro problema são os riscos de acidentes aéreos.

Controle

O gerente da célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Atualpa Soares, explica que os pombos se adaptam bem ao ambiente urbano e, por não terem predador, acabam se multiplicando facilmente pela cidade. Ele diz que há um entendimento nacional sobre o controle da população de pombos. “O que você pode fazer é evitar que eles se propaguem no seu ambiente”, pontua.

Entre as sugestões, Soares indica que não se deve alimentar os pombos, ou deixar água e restos de comida expostos, e cuidar para que não se formem abrigos para esses animais nas residências. “Existem formulações comerciais e produtos naturais como naftalina, ou de cheiro forte como cravo e canela. A gente recomenda que se utilize produtos regulamentados”, esclarece.

Fonte: Diário do Nordeste

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