Ativistas denunciam que há planos de desmatamento da área para construção de um residencial. Empresa de engenharia confirma planos de construir empreendimento, mas ainda não tem permissão para obras

Pelo menos 167 árvores devem ser retiradas de uma área verde no bairro Passaré para a abertura de uma rua e pavimentação. O corte foi aprovado em uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) na quinta-feira, 2. Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), 56 árvores serão cortadas e 111 serão transplantadas para outro local. Isso representa uma área de 3.159,25 m².

A secretaria explicou, por meio de nota, que a área está em uma Zona de Requalificação Urbana 2 (ZRU 2) e é caracterizada por ser “uma área que carece de infraestrutura” e tem como objetivo a “promoção da requalificação urbanística e ambiental”, ampliando espaços de uso coletivo, equipamentos públicos e com a “promoção e o incentivo à habitabilidade com infraestrutura urbana, serviços e equipamentos públicos disponíveis”.

A pasta afirma ainda que a realização de obras de infraestrutura no local tem suporte na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de nº 236/2017.

Planos para construção de residencial no local

A construção da via não é a única obra pleiteada no local. Ainda em processo de licenciamento, a construtora MRV Engenharia tem planos de construir um empreendimento residencial na área. “A MRV esclarece que há um processo de legalização da gleba em trâmite e que tudo está sendo executado dentro do que determinam as orientações do Poder Público e dos órgãos competentes”, confirmou a empresa por nota.

Devido ao risco de mais cortes de árvores na área, ativistas ambientais levaram o caso às redes sociais para protestar contra a construção do residencial. O movimento Pró-Arvore e o Instituto Verdeluz postaram textos contra a retirada da vegetação do local, que fica próxima ao Horto Municipal Falconete Fialho e ao Zoológico Municipal Sargento Prata.

“A tendência é que com a perda dessa floresta, toda essa área vai se aridificar mais ainda. Isso vai gerar um impacto negativo muito grande em toda a região, mas mais especificamente no Horto e no próprio Zoológico. Você vai piorar a vida das plantas que são cultivadas no Horto, você vai piorar a vida dos animais do Zoológico, porque vai ficar mais poluído, mais seco, mais quente e mais árido”, diz o membro do movimento Pró-Árvore Leonardo Jales.

Leonardo conta que foi ao local fazer uma visita técnica e identificou mais de 51 espécies de vegetação nativa e 12 espécies de árvores exóticas. “A cidade cresceu tão desordenadamente que pouco foi preservado. A gente não pode abrir mão de perder um pouquinho do que foi preservado. Existem diversos outros terrenos na região que poderiam aceitar um empreendimento desses. Por que um empreendimento dessa magnitude vai ser implementado numa área tão bem preservada?”, questiona o ativista.

O vereador Gabriel Aguiar (Psol) também esteve no local após a decisão do Comam e afirma que deve entrar em contato com os órgãos envolvidos com o intuito de debater sobre o parecer do conselho para a construção da via e sobre os planos da construtora para o local ainda sem permissão.

“Eles apresentaram a ideia do residencial, mas como eles só tinham a licença de instalação das ruas por enquanto, eles pediram para desmatar só as ruas. Mas, claro, você vai desmatar as ruas pra depois urbanizar e construir o residencial. No fim é um projeto só que está caminhando, mas vão licenciando passo a passo”, afirma o vereador.

A reportagem conversou ainda com moradores do entorno sobre a possibilidade da supressão da vegetação e implantação do empreendimento residencial. Um homem que não quis se identificar afirmou morar próximo ao local há 15 anos e não aprovar a retirada das árvores. “Eu sou a favor da não construção, e sim da preservação da área. Se isso acontecer, vão derrubar todas as árvores, e sem falar na falta de sossego”.

Outra moradora que também preferiu não dizer seu nome afirma que gostaria que parte da área fosse transformada em um polo de lazer para a comunidade, mas não em um residencial. “Vai tirar nossa paz e deixar o clima mais quente. Acho que os moradores mais antigos não vão gostar.”

Confira a nota completa da MRV Engenharia:

“A MRV esclarece que há um processo de legalização da gleba em trâmite e que tudo está sendo executado dentro do que determinam as orientações do Poder Público e dos órgãos competentes. A empresa enfatiza que não há nenhuma obra em execução no local, muito menos qualquer prática de desmatamento. Para a MRV, a sustentabilidade é mais do que as ações que desenvolve nas áreas de meio ambiente e social. O tema está presente em todas as atividades da companhia.”

Fonte: O Povo Online

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