Parque atrai 2 milhões de visitantes por ano
Quando a Petrobras tentou encontrar petróleo em Olímpia (438 km a noroeste de São Paulo) na década de 1950, não imaginou que isso mudaria o destino da cidade. A exploração de petróleo foi frustrada, mas a empresa descobriu que o mas a empresa descobriu que o município era fonte de águas termais, com temperaturas que atingem de 26°C a 38ºC.
Um grupo de empresários e fazendeiros resolveu, então, criar, em 1987, um clube para os moradores locais desfrutarem das águas quentes. Trinta anos depois, o pequeno clube virou o parque aquático Thermas dos Laranjais, que movimenta o turismo da cidade.
Só no ano passado, o Thermas dos Laranjais recebeu cerca de 2 milhões de visitantes, quase 40 vezes o tamanho da população da cidade, que tem 53.700 habitantes, de acordo com estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Sem praia por perto
“Não temos praia aqui perto, e as pessoas sentiam falta de um lugar para se divertir. Eles queriam aproveitar as águas termais para criar um clube social para proporcionar um pouco de lazer à população”, diz Marcos Bittencourt, supervisor de marketing do Thermas dos Laranjais.
O parque iniciou suas atividades com 58 sócios e, atualmente, totaliza 35 mil. “Até o ano passado ainda eram vendidos títulos para integrar o quadro de sócios. Hoje, não é possível mais comprar o título de sócio”, afirma Bittencourt. Desde 2001, o parque é aberto ao público.
12 mil visitantes por dia na alta temporada
De acordo com Bittencourt, neste ano, o parque recebeu 12 mil visitantes por dia, em média, na alta temporada (meses de janeiro, fevereiro e julho) e a média de 6.000 nos meses de março, abril, maio e junho.
De segunda a sexta-feira, o ingresso para passar o dia sai por R$ 80 (entrada inteira) e R$ 40 (meia entrada). Aos fins de semana, os valores passam para R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Crianças de um ano a seis anos de idade pagam R$ 10, 00 qualquer dia.
O parque, que começou as suas atividades com 30 funcionários, hoje conta com 492. A direção não revela o investimento inicial, o faturamento nem o lucro do negócio.
Água tem temperatura entre 26°C e 38ºC
O projeto para criar o Thermas dos Laranjais foi iniciado em 1985, mas o parque foi inaugurado somente em 1987. Atualmente, ele tem 260 mil metros quadrados e conta com complexos de toboáguas, praias artificiais, pista de surfe, rio lento de corredeira e parque aquático infantil. Todas as atrações têm água com temperatura entre 26°C e 38ºC.
Atualmente, o empresário Benito Benatti, 85, é o presidente do clube. Ele foi um dos integrantes do grupo que iniciou o projeto, em 1985.
Segundo Bittencourt, apesar de Olímpia ser uma cidade conhecida pela agropecuária e agronegócios, Benatti viu que as águas termais poderiam transformá-la também em um ponto turístico, depois da tentativa frustrada da busca porpetróleo. Junto com os demais diretores da época, começou a planejar a criação do parque.
Suspeita de uso ilegal da água
Há uma suspeita de que parte da água usada no parque seja extraída ilegalmente do aquífero Guarani, gigantesco manancial no subsolo que abastece a região. O Departamento Nacional de Produção Mineral investiga o caso.
O Thermas dos Laranjais não havia se manifestado sobre o problema até a publicação desta reportagem.
Pegando carona
Aproveitando o sucesso do Thermas dos Laranjais, o empresário Newton Ferrato, do Grupo Ferrasa, lançou em abril deste ano o Hot Beach Olímpia, outro parque em Olímpia. O complexo tem 140 mil metros quadrados e conta com toboágua para adultos e crianças e praia artificial. A entrada custa R$ 72 (inteira) e R$ 36 (meia).
O Grupo tem dois hotéis na cidade -o Thermas Park Resort & SPA (lançado em 2003) e o Celebration Resort Olímpia (em 2015)- e vai inaugurar outros dois: Hot Beach Resort Olímpia (previsto para entrar em operação até o fim do ano) e o Hot Beach Suítes Olímpia (em 2020). Atualmente, os dois hotéis empregam juntos 280 funcionários.
O investimento para a construção dos quatro hotéis e do parque foi de R$ 500 milhões, até agora (dois hotéis ainda estão em construção). O faturamento do grupo foi de R$ 100 milhões no ano passado (valor inclui incorporação imobiliária, hotelaria e parque aquático).
Sempre investir em infraestrutura e inovação
Haroldo Matsumoto, consultor da Prosphera Educação Corporativa, diz que os empresários souberam explorar um recurso natural da cidade (a água termal) e a distância do município em relação ao litoral e a outras cidades termais.
“A água termal sempre desperta curiosidade e atrai muito as famílias, com suas crianças e idosos. Antes, as pessoas sabiam que era possível desfrutar dessa água somente em Caldas Novas, em Goáis. Eles divulgaram bem a sua riqueza e souberam explorar e atrair pessoas de São Paulo e de outros Estados.”
Matsumoto também afirma que ambos os parques trazem atrações que são praticamente inéditas, como as piscinas com ondas para surfar. “Estive em Orlando no mês passado e não vi esta atração em nenhum parque de lá.”
O especialista diz, no entanto, que é preciso continuar a investir em infraestrutura e inovação para os parques continuarem sendo atrativos. “Recentemente vimos parques temáticos como o Parque do Gugu, de São Paulo, e o Wet’n Wild em Salvador, fecharem as portas.” Ele também afirma que é preciso ter um alinhamento com a prefeitura para manter a infraestrutura adequada para receber cada vez mais turistas.
“Não adianta investir em tecnologia e nas atrações, se a cidade não comporta a demanda de turistas.”