É quase impossível não se sensibilizar pelos problemas vividos por Stella, Poe e Will
O drama entre adolescentes volta nesta emocionante história adaptada do livro escrito por Rachel Lippincott. Com traços semelhantes do enredo de A Culpa é das Estrelas, A Cinco Passos de Você procura deixar sua própria marca no gênero.
Na trama conhecemos Stella Grant, uma jovem que vive suas lutas contra a fibrosa cística, que é o acúmulo de muco nos pulmões e outras áreas do corpo. Com ânsia de controle sobre em tudo em sua vida, Stella se empenha em ser exemplo de força de vontade contra a doença. Ser uma boa filha, boa amiga e influencer.
Ela só não esperava que Will Newman, vítima da mesma doença, chegasse para lhe mostrar um novo lado. Desesperançoso pela cura, Will se vê encantado por Stella e permite que ela o ajude a cumprir com as recomendações médicas de um tratamento experimental para ele. Mesmo diferentes, os dois se veem apaixonados um pelo outro. Se não fosse um detalhe: para evitar infecções e outros problemas decorrentes da doença, os dois precisam se manter a seis passos de distância um do outro.
O enredo é bem desenvolvido e não faz apelações para se comparar com outros filmes do gênero. A Cinco Passos de Você constrói os dois primeiros atos de maneira simples e calma. É capaz de o espectador nem perceber o tempo passar enquanto assiste. A interação entre os protagonistas com Poe (Moises Arias), outro paciente do hospital com a mesma doença, é o grande destaque em boa parte da história. Na verdade, o enredo parece ter sido escrito todo ao redor do relacionamento dos três.
A fotografia não apresenta muitas oportunidades para se mostrar: a maior parte das cenas acontece dentro do hospital (na verdade 98% do filme). Mas isso não quer dizer que ela não deva ser destacada neste texto. Fica claro em diversos momentos na tela a distância exata entre os dois personagens. Os enquadramentos horizontais permitem dar a dimensão do espaço e fazem o espectador “contar” os passos mentalmente. Justin Baldoni é quem comanda. O diretor do longa se mostrou competente em todo conjunto da obra.
É quase impossível não se sensibilizar pelos problemas vividos por Stella, Poe e Will. Não bastasse as preocupações em tomar remédios e seguir as recomendações médicas, os problemas familiares entram para dar mais peso. Por trás de uma Stella organizada, determinada e focada em cumprir com as listas de “coisas pra fazer”, há a cobrança e o sentimento de culpa. Poe tem dificuldades em firmar relacionamentos. Enquanto Will traz consigo o medo e a desistência.
O tempo disponível da história não permite conhecer as histórias que moldaram esses três jovens que lutam pelo ar de cada dia, mas com certeza seriam um bom adicional ao enredo.
Will e Stella de fato formam um casal singular. Ligados pela doença e separados também por ela. Para esclarecer, Stella pode ter contato com outras pessoas. Assim como Will e Poe podem tocar outras pessoas. O fato é que eles, por possuírem a doença, não podem chegar perto um do outro. É explicado que pessoas com a fibrosa cística não devem ter contato com outro portador da doença. O risco de infecções é maior. Ao ver o dilema dos dois, é possível perceber que a distância dos seis passos fez valer uma famosa frase: “tão perto, mas tão longe”. O filme procura passar a importância do “tocar” a pessoa amada e ter essas pessoas próximas o máximo que puder.
No mais, A Cinco Passos de Você promete ser o novo filme a ganhar os corações dos românticos de plantão. A obra entrega um bom filme que promete causar diversos sentimentos nos espectadores. Os 2h15 minutos de duração não serão problema com uma história bem desenvolvida e bem contada.
Texto por Thomas Pacheco