Entre estrias, flacidez, manchas e até queda de cabelo, alterações na pele da gestante são fenômenos comuns por conta dos hormônios
As estrias, manchas e flacidez são as alterações mais significativas na pele da gestante e acontecem porque nesse período há uma grande produção de hormônios femininos. “Essa paciente deve ser sempre acompanhada pelo médico, para saber como proceder. Fato é que a hidratação deve estar presente tanto no rosto como no corpo, fotoproteção deve ser feita em todas as áreas fotoexpostas para evitar a formação de hiperpigmentação e ao mesmo tempo devemos fazer com que essas pacientes sejam orientadas em relação ao peso, atividade física e uso regular dos cremes”, afirma a dermatologista Dra. Claudia Marçal, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Nas linhas abaixo, ela explica um pouco sobre cada alteração e como evitá-las:
FLACIDEZ – “O aparecimento da flacidez se dá por ganho de peso excessivo, onde a paciente – normalmente quando ultrapassa por volta dos seus 9 a 12 kg (que seria o ganho de peso fisiológico) – acaba tendo no final da gestação uma sobra de tecido que foi distendido e não consegue mais se acomodar aos planos profundos”, afirma a médica. Se a alimentação for rica em açúcar e sal, a pele se torna ainda mais inchada.
ESTRIAS – “As estrias surgem por tensão da pele. Ou seja, quando a pele é estirada em demasia, existe uma fratura, como se fosse uma ruptura das fibras de colágeno, causando inicialmente as estrias avermelhadas, arroxeadas ou rosadas”, afirma. Mais comuns nas mamas, na região da barriga, na área dos flancos, na região dorso-lombar, raiz das coxas e muitas vezes face interna das coxas, seu aparecimento vai depender da quantidade de peso e da alimentação, da atividade física ou não que a paciente praticar durante esse período gestacional. “Ou seja, uma má qualidade de vida vai fazer com que ela esteja mais predisposta”, afirma.
MELASMA – Segundo a médica, um dos grandes problemas durante a gestação é o melasma com aparecimento de manchas de forma irregular, presentes nas regiões dos malares, nas bochechas, na região dorso-nasal, na linha supralabial e na região frontal. “Muitas vezes isso é chamado de melasma gestacional ou cloasma e nos traz bastante dificuldade posterior para resolução”, explica. “Durante a gestação, é proibido que a gestante utilize vitamina A ácida, ou seja, ácido retinoico e seus derivados. Podemos prescrever outros produtos como o ácido glicólico em baixas concentrações, ácido azelaico, vitamina C e substâncias hidratantes ricas em ácido hialurônico, nicotinamida, peptídeos, antioxidantes, ômegas, fosfolipídeos, e é muito importante que essa paciente use muito fotoprotetor”, afirma. Clareadores como o ácido kójico e ácido lático podem ser usados e filtro solar deve ter proteção física, sendo rico em dióxido de titânio, óxido de ferro e de zinco, fazendo uma proteção com cor para evitar que essa gestante tenha um quadro de hiperpigmentação causado pela radiação UVA, calor e luz visível. “O filtro solar deve ser aplicado durante logo o início da manhã e reaplicado de três em três horas. Quando essa gestante vai ao sol, esses filtros solares devem ter maior proteção: dependendo do fototipo, da predisposição da pele e da característica familiar da exposição solar aguda, esses filtros devem ser na ordem de 80 a 90 ou 100, para que realmente haja um efeito bloqueador”.
ACNE – A médica conta que outro quadro que pode acontecer por alteração hormonal durante a gestação é a erupção acneiforme, por uma alteração dos hormônios produzidos e por estímulo dos andrógenos produzidos pelo próprio bebê. “Então, muitas vezes há uma acne inflamatória bastante presente na gestação.”
QUEDA DE CABELO – Já no pós-parto, a queda capilar é um problema principalmente nos primeiros quatro a seis meses. “Durante a gestação, por conta do estímulo dos hormônios femininos os cabelos ficam em fáse anágena, então são cabelos que são extremamente brilhantes, densos, proteicos, com grande crescimento acima da média. Porém, quando há uma baixa dos hormônios femininos no pós-parto e no pós-cesárea, o quadro de estresse físico e emocional com alteração hormonal pode levar a um quadro de eflúvio telógeno pós-gestacional, com queda capilar. Então o que eu recomendo no último trimestre é a introdução de vitaminas para melhorar a performance capilar, melhorando a característica de nutrição e introduzo silício orgânico no último trimestre para a questão da queda capilar ou a miniaturização dos fios do cabelo”, afirma.
É possível prevenir o aparecimento desses problemas e tratá-los após a gestação, com as dicas abaixo:
HIDRATAÇÃO DA PELE – Segundo a médica, é muito importante que a gestante desde o primeiro trimestre já comece a usar hidratantes duas vezes ao dia na região das mamas e pelo menos uma vez ao dia na região do abdômen e suas adjacências. A partir do segundo trimestre, conforme vai havendo crescimento natural da barriga por uma evolução natural do bebê, é necessário que se comece a fazer a hidratação duas vezes ao dia. E no terceiro trimestre é obrigatório que seja feita duas vezes ao dia”, orienta. Além do hidratante, os sabonetes devem ser os mais inócuos possíveis, de preferência sabonete infantil glicerinado ou à base de manteiga de karité, de fosfolipídeos, de extratos naturais, de aveia coloidal conjuntamente com um óleo para ser utilizado no banho ou logo após. “Isso deve ser feito até o nascimento do bebê. As únicas áreas que não devem receber o creme sãoas regiões dos mamilos, porque devem ser preparadas para o aleitamento materno e não devem ser hidratadas”, diz.
TRATAMENTO ANTIACNE – “O uso e indicação de limpeza de pele, de peeling de cristal, e até o uso do LED com luz azul ajuda no controle da acne, uma vez que não temos os recursos mais fortes para fazer o controle bacteriostático desta pele, utilizando apenas recursos mais naturais, como sabonete, loções de higiene, loções adstringentes, porém com baixas concentrações de ácido salicílico”, explica. Peróxido de benzoíla e ácido azelaico são permitidos durante a gestação.
DRENAGEM LINFÁTICA – “Em relação à questão da drenagem linfática, também é algo que a gestante pode fazer desde o início da gestação para que não haja retenção linfática nos membros inferiores, principalmente a região dos pés e das pernas e coxas, evitando a sensação de pernas cansadas e a formação de varizes por insuficiência venosa periférica, porque existe uma grande dificuldade desse retorno venoso”, afirma. A drenagem linfática, segundo a médica, deve ser realizada uma vez por semana no primeiro e segundo trimestre, enquanto no terceiro trimestre é importante que seja feito duas vezes por semana. “Logo depois do parto, se possível deve ser continuado porque o aleitamento materno por conta do hormônio prolactina também predispõe que a gestante fique mais inchada, principalmente no primeiro mês”, afirma.
EXERCÍCIOS PÓS-GESTAÇÃO – No pós-parto imediato e depois que houver a liberação do médico, a gestante deve voltar a praticar atividade física, seja caminhada, musculação, pilates, exercícios funcionais de preferência acompanhada por um professor que a oriente quais exercícios ela deve fazer inicialmente.
TRATAMENTO DE ESTRIAS – “Para tratar estrias, no consultório indico microagulhamento de ouro com radiofrequência, o laser fracionado não ablativo Erbium Yag 1565 ResurFx ou a tecnologia de CO2 em energias de acordo com o fototipo e a localização. Tudo vai depender do tipo de pele, da idade do paciente, do tipo de estria e da localização”, afirma. O ideal, explica a médica, é que sejam feitos esses tratamentos quando a paciente não está mais amamentando o bebê, alguns deles podem ser feitos durante o período da amamentação como a radiofrequência microagulhada. “Mas os lasers, tenho preferência em indicar após a amamentação”. As estrias são tratadas em várias sessões, a depender da tecnologia que pode ser feita em sessões quinzenais ou mensais e variam de três até cinco sessões.
Fonte: Notícias ao Minuto