Abertura aconteceu na noite de terça-feira (6) e programação de debates e apresentações culturais segue até sexta (9)

Os grupos de tradição do Cariri começaram cedo da noite a dar um recado para o mundo: “queremos ser reconhecidos!” – foi, em outras palavras, como soaram as danças e os cânticos de cada um que se apresentou no terreiro da Mestra Margarida, na Unidade Sesc – Juazeiro do Norte nesta terça-feira (6). A atividade marcou a abertura oficial do Seminário Internacional Patrimônio da Humanidade Chapada do Araripe, cuja programação se estende até a próxima sexta-feira (9), passando também pelas cidades de Crato e Nova Olinda.

Após as apresentações e a abertura da exposição “A Batalha dos Três Reis no Sertão do Araripe”, de Isabel Gomide, Nabila Jebbouri e Letícia Diniz, um bate-papo com a presença do secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba, o presidente da Fecomércio no Ceará, Maurício Filizola, o membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios/Icomos Brasil, Júlio Sampaio, uma das diretoras do Ibram, Eneida Braga, e a representante do Departamento de Articulação e Fomento da Assessoria Internacional do Iphan, Candice dos Santos Ballester apontou os primeiros passos para a concretização do objetivo do evento.

Filizola ressaltou a importância de unir diferentes parceiros por uma causa tão importante. “Nosso papel é dar força para que a cultura do nosso Estado se desenvolva, chegue ao coração de mais pessoas. Que a gente possa nesses dias vivenciar isso plenamente”, disse, entusiasmado.

seminario chapada
FOTO: AUGUSTO PESSOA

CRITÉRIOS PARA A VIABILIDADE DA CANDIDATURA ESTÃO SOB ANÁLISE

O secretário Fabiano Piúba afirmou que é impossível pensar o patrimônio natural dissociado do patrimônio cultural do Cariri. “Esse projeto tem a ver com as folhas e frutos da Fundação Casa Grande, pelo trabalho realizado pela Roseane e pelo Alemberg”, destacou. “Para a gente pensar a Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade, a gente tem que pensar o kariri, o homem e a mulher do Cariri e tudo que traz de ancestralidade, de uma afirmação de uma identidade a partir dessa diversidade que encontramos nas camadas da Chapada, mas também no fazer artístico e cultural das pessoas”, completou.

Nesse sentido, Fabiano adiantou ainda a generosidade dos mestres da Cultura em compartilhar o “saber fazer” e revelou que, este ano, o governador do Estado, Camilo Santana, está encaminhando o projeto de lei para a Assembleia Legislativa para ampliar de 80 para 100 o número de mestres titulados pela Secult. “Além disso, o governo está empenhado em pensar o Cariri como patrimônio cultural cearense, brasileiro e a partir disso a gente pensar esse projeto da candidatura da Chapada do Araripe como patrimônio cultural da humanidade”.

Esse reconhecimento local e nacional, aliás, é um dos critérios para a viabilidade do processo, conforme explicou Candice Ballester. Em uma fala técnica e pontual, a representante do Iphan destacou que o reconhecimento internacional “não é uma faixa de miss” e que exige-se muito mais do que um dossiê. Citou a experiência de Paraty e llha Grande, cujo processo demorou dez anos, para reforçar que, mesmo demorado, é algo que se constrói em conjunto. “Por que a gente quer reconhecer o Cariri?”, fez a provocação. É isso que os seminaristas tentarão responder objetivamente nos próximos dias.

*A repórter viajou a convite do Sesc Ceará

Fonte: Diário do Nordeste

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