Conforme a pesquisa, o fruto possui enzimas capazes de quebrar as proteínas que formam o glúten.

Uma fruta amarelinha esverdeada, originária do sudeste asiático, pode ser a solução para pessoas com restrição alimentar a glúten. O fruto noni faz parte de uma pesquisa do Laboratório de Química Medicinal da Universidade Federal do Ceará, que busca utilizar as enzimas com capacidade par quebrar as proteínas envolvidas na formação do glúten.

“Em nossos estudos, descobrimos que na polpa do fruto há enzimas que podem quebrar componentes da farinha de trigo que estão relacionados à produção de glúten. Foi a nossa surpresa”, afirma o professor Hermógenes David de Oliveira, coordenador do grupo que investigou o fruto.

Os estudos com a fruta na UFC começaram a investigar as reações terapêuticas dela em 2010. O Laboratório de Química Medicinal é o primeiro grupo no mundo a estudar os efeitos de proteínas do noni para o tratamento de doenças. Foram realizadas pesquisas sobre os efeitos anti-inflamatório, analgésico, antimicrobiano e antitérmico do fruto. “Estávamos interessados nas proteínas, tivemos vários resultados a partir dos estudos. Começamos a estudar outras partes da planta e descobrimos que, na polpa, tinha algumas enzimas capazes de quebrar proteínas”, explica o professor Hermógenes David.

Com o efeito, o grupo realizou testes para verificar se essas proteínas seriam capazes de hidrolisar (quebrar) as proteínas do trigo relacionadas a formação do glúten. “As enzimas se comportaram muito bem. Quando eu hidroliso esses materiais, eu torno essa massa inócua para as pessoas que tem intolerância ao glúten”, ressalta Hermógenes David. A descoberta faz parte da tese de doutorado de Vilmara Albuquerque de Farias, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFC.

Produtos

Pães, bolos, bolachas e tantos outros alimentos tem como ingrediente a farinha de trigo. Algumas pessoas tem doença celíaca, sensibilidade ao glúten ou alergia ao trigo e, assim, precisam recorrer aos produtos glúten free. Com a descoberta, o Laboratório de Química Medicinal pretende desenvolver um produto.

“Estamos estudando se é seguro, analisando uma forma de transferir essa tecnologia até chegar de fato à geração de um produto, uma farinha livre de glúten”, esclarece o coordenador do grupo. Até março de 2020, entrega da tese de Vilmara Alburqueque, os estudos devem avançar mais.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe que sejam vendidos alimentos processados contendo noni sem a comprovação de segurança.

Fonte: Diário do Nordeste

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