Até ontem, o Instituto Verdeluz havia contabilizado a morte de 21 animais. Outros dois foram localizados nos últimos dias nas praias da Taíba e Beberibe, nos litorais Oeste e Leste do Estado, mas ainda não entraram no balanço oficial

O petróleo cru encontrado nas praias do Nordeste nos últimos meses pode ser a principal causa da morte de tartarugas marinhas nos últimos dias. Desde o início de setembro, já foram contabilizadas 21 tartarugas sem vida no litoral cearense, segundo o Instituto Verdeluz, responsável por fazer a necropsia dos animais. Além das 21 registradas oficialmente pelo instituto, no último fim de semana foram localizadas mais duas tartarugas mortas na Praia da Taíba, litoral Oeste do Ceará, e outro em Beberibe, litoral Leste, totalizando 23 casos.

Dessas 23 tartarugas, as seis analisadas pelo Instituto apresentaram óleo visível e uma estava contaminada com a substância no intestino. Segundo Débora Melo, voluntária do Verdeluz e estudante de oceanografia, “algumas tartarugas apresentavam interação com pesca (como nadadeiras amputadas e enroscadas em artes de pesca). Além disso, muitas não puderam ser necropsiadas para saber a causa da morte por conta do elevado estado de decomposição ou por terem sido encontradas fora de Fortaleza, não havendo transporte para realizar o procedimento”, afirma.

Conforme a estudante, outra questão preocupante é que mesmo não tendo sido encontrado óleo visualmente na região externa do animal, ele pode estar contaminado pelo óleo internamente, “pois essa substância é considerada bastante nociva à sua saúde e se instaura nos órgãos”.

Óleo
Tartaruga encontrada morta durante limpeza das areias da praia da Sabiaguaba. Halisson Ferreira

“Como a ONG Aquasis, responsável por receber o animal oleado, não pode fazê-lo se não estiver nessas condições, não temos como avaliá-lo. Quando podemos, enviamos para análise no Centro de Triagem de Animais Selvagens (Cetas) do Rio Grande do Norte”, explica.

Desova ameaçada

Segundo a voluntária, entre os meses de outubro e maio acontece a desova das tartarugas marinhas nas areias da Praia do Futuro e da Praia da Sabiaguaba, em Fortaleza, o que está sendo motivo de alerta para ambientalistas que monitoram o litoral.

De acordo com o boletim divulgado no último domingo (13), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 10 pontos do litoral cearense foram afetados pelo petróleo cru. Ainda no relatório, foram registrados três animais mortos, duas tartarugas e uma ave. Os vestígios de óleo preocupam agora o nascimento de novos animais, que deve começar a acontecer nos últimos meses deste ano.

Conforme informou a Prefeitura de Fortaleza, por nota, nas últimas visitas à Praia da Sabiaguaba foi observado que o local está sob controle quanto aos resíduos de óleos que foram encontrados. O órgão disse ainda que realiza o monitoramento do local para verificar se mais resíduos chegaram à orla para fazer as retiradas necessárias.

A orientação para quem encontrar tartarugas mortas, segundo o Verdeluz, é medir o comprimento e a largura do casco, pegar as coordenadas do local e tirar fotos da ocorrência, repassando todo o material à ONG.

Em caso de encalhe de animal vivo é preciso, primeiramente, contactar o Instituto Verdeluz, pois o manejo de tartarugas marinhas só deve ser realizado por meio de uma licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Enquanto espera a chegada da equipe, em caso de encalhe vivo, isolar a área, oferecer sombra, manter o animal na areia com tecidos úmidos sobre o casco”, disse o Verdeluz em nota. Outra orientação é nunca manter o animal virado com o ventre para cima. As ações devem ser feitas por profissionais.

Fonte: Diário do Nordeste

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