Todos os voos do Aeroporto Internacional de Hong Kong foram cancelados nesta segunda-feira (12). É o quarto dia que milhares de manifestantes ocupam o aeroporto da região semiautônomo para protestar contra o governo pró-Pequim e contra a repressão policial do movimento que começou há dois meses.

Vestindo preto, as pessoas, em sua maioria jovens, gritavam slogans como “Não há desordeiros, apenas tirania!” e “Libertem Hong Kong!”. Também abordavam viajantes, de forma pacífica, com panfletos descrevendo suas demandas e explicando a agitação. O objetivo da ação é sensibilizar visitantes estrangeiros sobre os motivos das manifestações.

Segundo a Reuters, o trânsito de ida e volta para o aeroporto também foi severamente afetado.

Os protestos na cidade começaram há dois meses, contra um projeto de lei que previa a extradição para a China continental, que foi suspenso. (Veja mais ao final da reportagem). Desde então, os manifestantes passaram a pedir a renúncia de Carrie Lam, que governa Hong Kong.

Os manifestantes dizem que estão lutando contra a erosão do arranjo “um país, dois sistemas” – que confere certa autonomia a Hong Kong desde que a China retomou o território do Reino Unido em 1997.

Além da renúncia da líder da cidade, Carrie Lam, eles exigem uma investigação independente sobre as formas com que as autoridades lidaram com os protestos. O governo classifica as manifestações como ilegais e perigosas, e destaca o impacto que tiveram sobre a economia e o cotidiano dos moradores.

Manifestante segura uma bandeira com caracteres chineses que dizem "LIbertem Hong Kong, a revolução de nossos tempos" em uma manifestação no aeroporto da cidade nesta segunda-feira (12).  — Foto: Tyrone Siu/Reuters

Manifestante segura uma bandeira com caracteres chineses que dizem “LIbertem Hong Kong, a revolução de nossos tempos” em uma manifestação no aeroporto da cidade nesta segunda-feira (12). — Foto: Tyrone Siu/Reuters

No fim de semana, quando os manifestantes fizeram barricadas pela cidade, a polícia utilizou gás lacrimogêneo, pela primeira vez, nas estações de trem subterrâneas lotadas, e disparou tiros de saco de feijão a curta distância.

Dezenas de manifestantes foram presos, alguns depois de serem espancados com bastões pela polícia.

Gás lacrimogêneo foi disparado contra a multidão vestida de preto em distritos na ilha de Hong Kong, em Kowloon e nos Novos Territórios. Uma jovem profissional de saúde foi hospitalizada depois de ser baleada no olho direito, provocando um protesto de colegas.

Desde o início dos protestos, mais de 600 pessoas foram presas.

Projeto de lei previa a extradição para a China

Manifestantes ocuparam o aeroporto de Hong Kong nesta segunda-feira (12), causando o cancelamento dos voos. — Foto: Thomas Peter/Reuters

Manifestantes ocuparam o aeroporto de Hong Kong nesta segunda-feira (12), causando o cancelamento dos voos. — Foto: Thomas Peter/Reuters

Os protestos começaram depois que o governo local apresentou um projeto de lei – atualmente suspenso – que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental.

O governo recuou do projeto, mas os manifestantes ampliaram a pauta de reivindicações com o objetivo de barrar a influência de Pequim no território, que eles consideram crescente, e de impedir a redução das liberdades dos cidadãos que vivem em Hong Kong.

Os manifestantes, que não têm um líder, utilizam as redes sociais para coordenar os protestos e, até agora, conseguiram poucas concessões do poder político. A maioria dos atos é pacífico, mas com frequência terminam em confrontos com as forças de segurança.

Pequim ameaça endurecer repressão

A China, que apoia o governo local, tem endurecido o tom com os manifestantes nas últimas semanas. Os protestos foram descritos por Pequim como um plano violento, orquestrado por fundos estrangeiros para desestabilizar o governo central.

As autoridades chinesas advertiram os manifestantes de Hong Kong para que não subestimem “a firme determinação e a imensa força do governo central da China” e “não brinquem com fogo”, em uma clara ameaça de intervenção direta na repressão das manifestações.

Reino Unido preocupado

O governo britânico está preocupado com a onda de violência em Hong Kong e quer calma de todos os lados, disse na segunda-feira (12) um porta-voz do primeiro-ministro, Boris Johnson.

O porta-voz de Johnson disse que a Grã-Bretanha queria que o governo de Hong Kong se envolvesse com todas as partes em um diálogo construtivo.

No sábado (10), a China publicou uma nota em que pedia ao Reino Unido que ficasse de fora das questões internas chinesas.

Fonte: G1

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