Sem liquidez para suprir os prejuízos causados pela paralisações das atividades, cadeia produtiva do setor corre o risco de entrar em colapso, apontam especialistas

As medidas de isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus fizeram as vendas de automóveis no país atingirem seu menor nível dos últimos 14 anos. De acordo com uma análise do atual panorama feito pela consultoria Bright, voltada para setor automotivo, o prejuízo causado pela Covid-19 na indústria automotiva deve chegar a R$ 42 bilhões no Brasil apenas em 2020.

Os emplacamentos caíram 21,8% na comparação entre março de 2019 e março de 2020. Embora algumas empresas desenvolvam canais online de vendas para manter as atividades, espera-se queda superior a 80% nas vendas em abril, seguindo o que ocorreu em países que estão há mais tempo em quarentena. 

Todas as montadoras colocaram seus funcionários em férias coletivas, e algumas destas foram estendidas até o início de junho. Começaram as negociações de lay-off com esquemas de redução parcial de jornada e remuneração, a exemplo da Volkswagen. Algumas montadoras estudam esquemas de trabalho alternado entre equipes de produção. Ao todo, cerca de 370 mil trabalhadores das linhas de produção estão em casa.

Em suma, para executivos e consultores automotivos, trata-se de uma crise sem precedentes para a indústria de automóveis. O discurso é global. Em comunicado oficial, o presidente Organização Internacional de Construtores de Automóveis (Oica), Fu Binfeng, também declarou que “esta poderá ser a pior crise que já impactou a indústria automobilística na história”. 

“Nunca vi uma queda como essa no setor automotivo, não só aqui, como no mundo todo. Estamos vivendo uma questão aguda, o faturamento desapareceu”, afirmou Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul. Para o executivo, será preciso um esforço conjunto do governo, bancos e todo o setor para que a situação seja revertida. 

Exportações caíram 21,1% 

“A venda não ocorre de forma imediata no mercado, e, neste contexto, os altos estoques impactarão a retomada da produção”, diz Milad Kalume, gerente de desenvolvimento da consultoria Jato. “O desemprego e confiança do consumidor impactarão diretamente a retomada das vendas. O cenário não é dos melhores”. 

Milad lembra também que a produção brasileira destinada à exportação depende de mercados sul-americanos, que estão sendo igualmente impactados pela crise. As exportações, que já vinham bem, caíram 21,1% na comparação com março de 2019. No acumulado do ano, a retração é de 14,9%. Antes do impacto da crise, a Anfavea previa queda de 11%.

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