Governador de São Paulo disse nas redes sociais que decisão da cúpula da legenda não reflete “sentimento da opinião pública”

O governador de São Paulo afirmou na noite desta quarta-feira que o ” PSDB escolheu o lado errado” ao não expulsar o deputado federal Aécio Neves . A Executiva Nacional do partido rejeitou dois pedidos de expulsão do parlamentar mineiro. Em reunião a portas fechadas, a cúpula do partido acompanhou o parecer do relator Celso Sabino (PSDB-PA), contrário ao afastamento do tucano.

Sabino considerou “ineptos” os requerimentos para a saída do mineiro. A decisão impõe uma derrota ao governador de São Paulo, que ontem chegou a cobrar que o tucano deixasse a sigla. Após a decisão do PSDB de manter Aécio no seu quadro, Doria voltou a defender que ele deveria se afastar para fazer sua defesa fora do partido.

“Cada membro da executiva deve responder por sua posição. A minha é clara: Aécio Neves deve se afastar do PSDB e fazer sua defesa fora do partido. O derrotado, nesse caso, não foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil”, escreveu.

LEIA : Fim das coligações pode unir DEM e PSDB, diz Rodrigo Maia

Dos 35 membros presentes na reunião da Executiva, 30 votaram pelo arquivamento do pedido. Quatro foram contrários: o deputado federal Samuel Moreira (SP), o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, o secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo, Edson Aparecido, e o tesoureiro do PSDB, César Contijo. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, se absteve de votar.

Presidente do diretório estadual do PSDB em São paulo, Marco Vinholi, também criticou a decisão da Executiva de arquivar a representação contra Aécio Neves e alegou que o partido está do lado “errado da história”.

— Não representa uma derrota de São Paulo, muito menos do governador João Doria ou do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. É, isto sim, uma derrota do PSDB, que optou por ficar do lado errado da história. Mantemos nossa posição de trabalhar pela construção de um partido firme, ético e que represente os anseios do povo brasileiro.

Recém-filiado ao PSDB levado por João Doria, o deputado federal Alexandre Frota (SP) se desalinhou do posicionamento do governador e defendeu o colega de bancada dizendo que ele tem “direito a defesa”.

— Finalmente o PSDB chegou a uma conclusão e não vão expulsar o Aécio. Querendo ou não todos têm direito a defesa. Ele foi um dia esperança do Brasil, teve 45 milhões de votos. Eu não quis chegar aqui e opinar antes, não seria justo. Conheço Aécio só há 25 anos. Quero que ele siga firme no PSDB e que seja feliz — afirmou.

A reunião, que durou cinco horas, teve momentos de tensão, gritaria e dedos em riste. A gritaria era ouvida dos corredores. César Gontijo chegou a pedir vistas para adiar a análise da expulsão, mas acabou derrotado.

Na avaliação dos tucanos graúdos, o placar majoritário favorável a Aécio Neves serviu como um”recado” ao governador João Doria de que é preciso costurar alianças dentro do PSDB e “parar de impor” suas vontades.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, tentou pôr panos quentes ao evitar encarar a decisão da legenda como uma derrota ao governador João Doria. Na reunião, a Executiva decidiu que qualquer outro pedido de expulsão da sigla para Aécio Neves será automaticamente arquivado.

— Respeitou as instâncias do partido, respeitou o procedimento de forma democrática. Em cinco horas, o partido decidiu pelo arquivamento. O assunto Aécio Neves em relação aos fatos apresentados está encerrado — afirmou Bruno Araújo.

Derrotada, a ala de Doria na legenda fez questão de registrar seu descontentamento com a decisão. Para o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, considerou um erro de avaliação pela permanência do mineiro na sigla.

— Quero deixar claro o desconforto que é ter o Aécio Neves nos nosso quadro partidário. Toda vez que tem voto, quem tem a maioria ganhou. Mas mas não acho que esse assunto está encerrado. O diretório, de maneira unânime, pediu pela saída dele. Mas é um erro de avaliação política a permanência e o estrago que a imagem do Aécio causa ao partido — disse Orlando Morando.

Seguro de que sairia vitorioso, o mineiro chegou à reunião sorridente e fez questão de apertar a mãos de todos os presentes, inclusive jornalistas. O deputado federal é investigado por em inquéritos da Lava-Jato. Acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça, é réu em um processo. Ele nega as acusações.

— O partido tomou uma decisão serena e democrática. Não há aqui vitoriosos e vencidos. É uma decisão que respeita não apenas aquilo que prevê o estatuto, mas também a história daqueles que construíram o PSDB. Ninguém perde nesse episódio — afirmou Aécio Neves.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here