A determinação é que o reforço seja tomado oito meses após a pessoa ter completado a imunização com duas doses

O governo dos EUA anunciou nesta quarta (18) que começará a aplicar uma terceira dose da vacina contra a Covid a partir de 20 de setembro, pois estudos apontam que a proteção dos imunizantes tende a perder força com o passar dos meses.

A determinação é que o reforço seja tomado oito meses após a pessoa ter completado a imunização com duas doses. A medida será direcionada inicialmente a quem tomou as vacinas da Moderna e da Pfizer.

Uma nova aplicação para quem tomou o imunizante da Janssen, de dose única, também deverá ser feita, mas ainda está em estudo, pois ela começou a ser aplicada depois das outras, em março, e pesquisas sobre sua efetividade a longo prazo ainda estão em andamento.

As primeiras pessoas a serem imunizadas novamente serão pessoas mais velhas que vivem em casas de repouso e funcionários da saúde. Depois, os demais idosos, de modo escalonado por faixa etária.

A recomendação é que os americanos já imunizados não corram para tomar a terceira dose, mas que esperem o prazo de oito meses após terem tomado a segunda dose.

Ao anunciar a medida, as autoridades disseram que querem estar à frente do vírus e reduzir os riscos de uma nova explosão da doença. A decisão foi baseada em estudos que apontam que a eficácia das vacinas de mRNA, caso de Moderna e Pfizer, teve redução com o passar dos meses e com a chegada da variante delta. Os relatórios detalhados serão publicados no site do CDC (Centro de Controle de Doenças).

“Os níveis de anticorpos decaem com o tempo, e níveis mais altos de anticorpos podem ser necessários para a proteção contra a variante delta”, disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e conselheiro do presidente Joe Biden. Estima-se que a terceira dose poderá aumentar em dez vezes o número de anticorpos contra a Covid.

Alguns estudos têm demonstrado que, alguns meses depois da segunda dose de qualquer vacina, a quantidade de anticorpos tende a cair. Apesar disso, as pessoas imunizadas seguem com menor chance de ter casos graves de Covid do que as que não se imunizaram. Nos EUA, 99% das mortes foram de pessoas que não se vacinaram.

“As vacinas de Covid-19 autorizadas nos Estados Unidos continuam a ser extraordinariamente efetivas em reduzir o risco de casos graves, internações e mortes, mesmo contra a variante delta”, disse Jeff Zients, coordenador da Casa Branca para o combate à Covid.

O debate sobre a terceira dose nos Estados Unidos ocorre em meio a uma nova alta de casos de Covid em agosto. A média de casos diários está ao redor de 140 mil, número que não era atingido desde fevereiro. No pior momento da crise no país, em janeiro, eram mais de 250 mil casos por dia. Já o total de mortes está em patamar mais baixo. A média atual é de 696 óbitos diários, o dobro de três semanas atrás, mas ainda longe dos 3.000 no auge da crise.

As escolas e universidades estão em período de volta às aulas, e o clima começa a ficar mais frio a partir de setembro, dois fatores que podem facilitar o espalhamento da Covid.

Nos EUA, há muitas vacinas disponíveis. Das 417,4 milhões de doses entregues, só 357,8 milhões foram aplicadas até agora. A imunização no país é gratuita e está disponível em farmácias, supermercados e em postos temporários, mas tem avançado de modo mais lento nos últimos meses, em meio à falta de interesse dos americanos pelas doses.

A vacinação no país está disponível para todos com mais de 12 anos. Até terça (17), 59,9% da população total havia tomado ao menos uma injeção, e 50,9% estavam completamente vacinados. Para tentar avançar a aplicação de vacinas, o governo Biden e alguns estados colocaram pressões e estímulos para que funcionários públicos se imunizem. Algumas cidades, como Nova York e San Francisco, passaram a exigir comprovantes de vacinação para acessar lugares de lazer, enquanto outros estados, como Flórida e Texas, criaram leis que impedem estabelecimentos de pedir comprovantes de imunização.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) é contra a aplicação de doses de reforço enquanto a imunização regular segue devagar em muitos países do mundo e pede que as vacinas extras sejam direcionadas para países mais pobres.

A maioria das nações da África não vacinou nem 5% da população com a primeira dose. O Haiti, no Caribe, só iniciou a campanha de vacinação contra o coronavírus no mês passado.
O governo americano disse que continuará a doar vacinas para outros países, pois avalia que o combate à pandemia depende de uma solução global.

Outros países também avançam em planos de reforçar a vacinação. Israel está distribuindo a terceira dose para maiores de 50 anos desde julho. Na semana passada, o Chile começou a aplicar uma dose extra da vacina AstraZeneca nos idosos que já receberam as duas doses da Coronavac. E o Uruguai aprovou uma dose de reforço do imunizante da Pfizer para aqueles que já receberam duas injeções da Coronavac.

Atualmente, o Brasil está realizando estudos para avaliar os benefícios de uma dose de reforço com as vacinas da Pfizer, Oxford/Astrazeneca e Coronavac.

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