No Paraná, o primeiro caso autóctone da doença em dez anos foi confirmado nesta semana

Um ano depois da epidemia de febre amarela que deixou quase 200 mortos em São Paulo, o vírus se expande para o Sul e preocupa as autoridades de saúde da região.

No Paraná, o primeiro caso autóctone da doença em dez anos foi confirmado nesta semana: um jovem de 21 anos, morador da cidade litorânea de Antonina (PR), que nunca havia se vacinado.

Macacos infectados com o vírus foram encontrados mortos no litoral do estado, em áreas de floresta -região por onde o vírus se dispersa.

Outros casos de primatas com suspeita de febre amarela são investigados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, mas ainda sem confirmação.

Ainda assim, a possibilidade de dispersão do vírus preocupa as autoridades, e reforça a necessidade de vacinação na região.

“É um vírus que está descendo para o Sul”, afirma a virologista Cláudia Nunes Duarte dos Santos, pesquisadora da Fiocruz Paraná.

Por enquanto, foram registradas apenas suspeitas de febre amarela silvestre, com transmissão em áreas rurais ou de mata. É por esses corredores verdes que o vírus se dispersa, e foi assim que chegou até o estado de São Paulo no ano passado.

No Paraná, o litoral, com uma grande faixa de Mata Atlântica, é o local de maior risco. Parques e áreas de preservação da região estão fechados por tempo indeterminado, para combater a circulação do vírus.

Mas há casos suspeitos sendo investigados em todo o estado.

No estado vizinho de Santa Catarina, apenas 10,6% da população que deveria se vacinar procurou os postos de saúde até este mês, uma meta “muito abaixo da esperada”, segundo o governo estadual.

Esse é o índice de cobertura nos municípios do leste catarinense, que se tornaram área recomendada para vacinação em setembro do ano passado.

No Rio Grande do Sul, um caso suspeito de febre amarela ainda está sob investigação.

“É imprescindível que as pessoas se vacinem. [A ocorrência do vírus] é em uma região turística, muito visitada, em pleno verão”, diz Santos.

A principal preocupação é evitar que o vírus chegue às áreas urbanas, e passe a ser transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Isso não acontece no Brasil desde a década de 1940, quando a febre amarela urbana foi erradicada no país.

Os estados destacam que não está faltando vacina, pelo contrário: houve distribuição de doses extras pelo Ministério da Saúde desde o ano passado, quando eles se tornaram áreas recomendadas para vacinação.

“Temos uma vacina supereficiente, gratuita e disponível, que vem sendo aplicada com sucesso há quase cem anos”, comenta a virologista da Fiocruz.

Ela é recomendada para todos aqueles que tenham entre nove meses e 59 anos, e nunca tenham sido vacinados. Uma única dose é suficiente para a proteção por toda a vida.

Os pesquisadores também alertam para a matança desnecessária de animais: os macacos que aparecem mortos por febre amarela, segundo Santos, são vítimas da doença, e não vetores. Quem transmite o vírus são os mosquitos.

“A gente chama de macaco sentinela: quando ele morre, é o sinal que o vírus está circulando, e serve para alertar a vigilância. Isso é chave.”

Nesta semana, o laboratório da Fiocruz recebeu um macaco morto no Paraná com um tiro na testa. “Nós ficamos muito chateados. O bicho não tem culpa nenhuma”, comenta a virologista. Com informações da Folhapress.

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