O número de apreensões de fuzis em poder das facções aumentou no Ceará em 2019

O esfacelamento da facção criminosa cearense Guardiões do Estado (GDE), apregoado, recentemente, pelo Ministério Público (MP-CE) e pelas forças da Segurança Pública estaduais, desencadeou uma nova movimentação no mundo do crime na Grande Fortaleza. Depois de ter perdido vários de seus “territórios” para a organização criminosa rival, nos últimos anos, a facção Comando Vermelho (CV) agora retoma os espaços nos bairros, comunidades, favelas e conjuntos habitacionais da Capital cearense e de sua região metropolitana.

E nesta “reconquista” de seus espaços para o tráfico de drogas e outros crimes, o CV não tem economizado munição, começando o ano com uma matança de inimigos em diversos bairros da Capital e, principalmente, em cidades do cinturão metropolitano, como Caucaia, Pacajus, Maracanaú, Maranguape, Cascavel e Pacatuba.

Essa reação da facção originária do Rio de Janeiro com “braços” em todo o País, tem impactado diretamente nas estatísticas das polícias Civil e Militar e da própria Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A taxa de Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLIs) na Grande Fortaleza voltou a subir na primeira quinzena de janeiro, em comparação a dezembro, contrariando uma tendência que se registrou por todo o ano de 2019.

Entre os dias 1º e 20 deste mês, foram registrados 112 assassinatos na Grande Fortaleza, sendo 63 na região metropolitana e 49 na Capital. Em dezembro último, neste mesmo período, os CVLIs totalizaram 85, sendo 42 em Fortaleza e 43 na RMF. A alta é de 31,7 por cento na comparação entre os dois períodos (dezembro 2019/janeiro 2020).

Presos ao medo

Dos 63 assassinatos ocorridos nos primeiros 20 dias de janeiro na Região Metropolitana, 22 aconteceram em Caucaia, onde a “guerra” entre facções tem deixado a população presa ao medo em várias comunidades como os bairros Padre Júlio Maria, Grilo e Cigana; os conjuntos Metropolitano (Picuí), Araturi, Metrópole e Potira, além das localidades de Jandaiguaba, Taquara e o Distrito de Jurema.

Além de Caucaia também registram crimes de morte os Municípios de: Maranguape (com 7 casos), Maracanaú (7), Pacajus (5), Pacatuba (5), Aquiraz (4), Cascavel (3), Horizonte (3), Guaiúba (3), Chorozinho (1),Paraipaba (1), Eusébio (1) e Itaitinga (1).

Na Capital, os bairros que estão sendo mais afetados com a retomada da criminalidade são: Bom Jardim, Barroso, Mondubim e José Walter. Em três deles, há uma concentração de favelas e também de conjuntos habitacionais populares, construídos pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. São residenciais dominados pelas facções, como o Cidade Jardim (I e 2), no José Walter, onde as mortes cruéis com esquartejamento e decapitação das vítimas se tornaram comuns e levam a marca das facções.

E entre as dezenas de vítimas da violência armada neste começo de ano no Ceará, estão 20 mulheres e 14 adolescentes.

Armas de guerra

Nas escaramuças das facções na Grande Fortaleza, a Polícia tem aumentado o número de apreensões de fuzis, armas que, em sua maioria, são contrabandeadas da Europa ou comprados de grupos ligados ao narcotráfico em países vizinhos, como Paraguai e Colômbia. O uso deste tipo de armamento de guerra e de guerrilha – também largamente utilizado por terroristas – tem se alastrado pelo Brasil e o Ceará não ficou de fora disto.

Apesar da queda de 23,5 por cento nas apreensões em geral de armas de fogo no estado em 2019 em comparação a 2018 (de 7.171 em 2018 para 5.479 no ano passado), o número de fuzis apreendidos com bandidos de facções tem aumentado no Ceará. Foram 33 confiscados no ano passado, contra 29 em 2018.

Com informações do blogdofernandoribeiro

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here