Pelas redes sociais, mãe e filho compartilham a maternidade.

Por meio da chamada “barriga solidária”, a professora Valdira das Neves, 45 anos, e o filho Marcelo das Neves estão prestes a unir dois sonhos: ele será pai e ela avó. Sim, a mãe está gerando os filhos do filho. As informações são do Razões para Acreditar.

“Me perguntam: você se sente mais mãe ou avó? Eu digo que sinto as duas coisas ao mesmo tempo. Vou ser mãe por gerar e avó de sentimento. Uma ‘mãe-avó’”, brinca Valdira.

No procedimento da barriga solidária, os médicos uniram os espermatozoides de Marcelo aos óvulos de uma doadora anônima. A fertilização foi feita in vitro. Os especialistas, então, transferiram dois embriões para o útero da mãe de Marcelo.

Não foi uma jornada fácil até aqui. Há quatro anos, então com 41 anos, Valdira engravidou do marido. Infelizmente, no sétimo mês de gestação, ela foi submetida a uma cirurgia de emergência. Helena, como chamava-se a bebê, não resistiu. Mas não era o fim do sonho. É aí que entra o filho mais velho, Marcelo.

Marcelo é gay e revelou a orientação sexual para a família por volta dos 18 anos. Inicialmente, Valdira teve receio com a notícia: “Nós já esperávamos, mas meu medo era de que as pessoas tratassem ele mal por ser homossexual. Tínhamos medo da sociedade, que é muito preconceituosa”, lembra. “Mas nós nos resolvemos e amamos ele do jeito que ele é”.

A notícia veio acompanhada de outra: ele sonhava em ser pai desde a adolescência. “Eu vi em minha mãe uma tristeza grande, aquela depressão se acumulando dentro dela. Eu via ela mal [por ter morrido uma filha] e ficava mal. Então, a incentivei a ter um outro filho”, diz Marcelo.

Já que Valdira não poderia ter um filho biológico espontâneo, o filho fez o convite. Segundo a legislação médica, o procedimento de “útero de substituição” só é permitido para parentes consanguíneos de até 4º grau. Não há permissão para o pagamento de qualquer valor para a gestante, evitando assim a chamada “barriga de aluguel”.

Após tratar a tireoide, ela fez exames de rotina e os dois passaram por tratamento psicológico. O processo levou dois anos. Nesse meio tempo, foram quatro tentativas de fertilização. Quando estavam prestes a desistir, uma boa notícia.

“A gente comprou um teste de farmácia, só por via das dúvidas”, diz o filho. “Assim que ela fez, apareceram duas listinhas [indicando resultado positivo] bem fortes. Minha mãe gritou: deu, deu! Aí a gente se abraçou”. O teste de beta HCG também deu positivo.

Com seis semanas de gestação, mãe e filho fizeram um ultrassom. “Na hora que a médica começou o procedimento, já vi que eram dois bebês. Falei: ‘nossa, doutora, são dois?’ E ela respondeu: você descobriu primeiro do que eu!”

Marcelo também sentiu um pouco de medo. E não à toa. “Como ela é considerada uma gestante em idade avançada, é necessário um pré-natal de alto risco, inclusive pelo fato de serem dois bebês. Os riscos mais comuns nesse caso são o nascimento prematuro dos bebês e também riscos da gestante desenvolver diabetes gestacional e/ou pressão alta na gravidez”, explica a médica Camilla Vidal do CEFERP (Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto), que cuida do caso.

A previsão é que os bebês, Noah e Maria Flor, nasçam até setembro. A empresa onde Marcelo trabalha deu direito a ele de ficar cinco meses em casa, cumprindo uma licença-paternidade. O registro de paternidade vai só no nome dele, mas a alegria, garantem, será dos dois.

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