Pela primeira vez, espaçonave de empresa privada toca o solo lunar. Missão sucede outros lançamentos fracassados e êxitos de países como China, Índia e Japão. Relembre as recentes aterrissagens no satélite.

Um módulo espacial dos Estados Unidos aterrissou nesta quinta-feira (22/02) na superfície da Lua pela primeira vez em mais de 50 anos desde a missão Apollo 17 – que encerrou o programa Apollo –, em 1972, e também se tornou a primeira espaçonave de construção privada a chegar ao satélite natural.

Após uma viagem de mais de um milhão de quilômetros, o módulo Odysseus, da Intuitive Machines, pousou com sucesso por volta das 17h23, horário central dos EUA (20h24 em Brasília), à beira da cratera Malapert – a cerca de 300 quilômetros do polo sul lunar, e após algumas alterações no horário de chegada.

“Houston, Odysseus encontrou seu novo lar”, confirmou o diretor da missão, Timothy Crain, depois de alguns minutos durante os quais a comunicação foi perdida e os controladores não recebiam sinal da espaçonave.

“Hoje, pela primeira vez em mais de meio século, os Estados Unidos retornaram à Lua”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, logo após a confirmação do pouso de Odysseus.

Contratempos

O processo de pouso não foi isento de contratempos. Conforme relatado durante a transmissão, a ferramenta da Intuitive Machines que deveria ser usada para orientação durante a descida não funcionou, e a empresa foi forçada a usar um instrumento da Nasa.

A agência espacial dos EUA pagou 118 milhões de dólares (R$ 585,8) para transportar instrumentos científicos e tecnológicos contidos em seis cargas úteis, que fazem parte das 12 cargas transportadas dentro do módulo da série Nova-C da empresa.

A espaçonave, de 4,3 metros de altura e 675 quilos, decolou levada por um foguete Falcon 9 da Space X na madrugada de 15 de fevereiro do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, de onde fez uma viagem de quase sete dias.

Na quarta-feira, a Odysseus fez uma inserção bem-sucedida na órbita lunar e permaneceu a uma altitude de cerca de 90 quilômetros, onde permaneceu até a descida desta quinta-feira, mas não antes de compartilhar uma imagem da cratera Bel’kovich K, “nas terras altas equatoriais do norte da Lua”, como observou a Intuitive Machines.

Para o processo de aterrissagem, que levou cerca de uma hora, Odysseus precisou de cerca de dez minutos para acender seu motor principal, que usa oxigênio líquido e propulsores de metano, e girar em posição vertical para pousar sobre seis pernas.    

Em Malapert A, onde as temperaturas diurnas ultrapassam 100 graus Celsius, a Odysseus permanecerá por aproximadamente sete dias até que a noite caia nessa região e o equipamento se torne inoperante.

Programa prepara pouso tripulado

A missão, chamada IM-1, faz parte da iniciativa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) da Nasa, que também integra o programa Artemis, com o qual a agência espacial dos EUA planeja retornar às viagens tripuladas à Lua.

Parte desse programa foi o módulo de carga Peregrine, que decolou com sucesso em janeiro, mas a espaçonave sofreu um vazamento de combustível e acabou fazendo uma viagem de retorno à atmosfera da Terra para destruição controlada.

No caso da Odysseus, além dos instrumentos da Nasa, o módulo transporta encomendas de clientes particulares, incluindo a empresa de roupas e acessórios esportivos Columbia, que testará material isolante, e do artista Jeff Koons, que colocou 125 pequenas esculturas das fases da lua na espaçonave.

Entre os diversos instrumentos da Nasa levados pela Odysseus estão alguns para melhor medição de combustível, assim como câmeras para capturar sons e imagens estáticas da coluna de poeira produzida pelo módulo de pouso ao iniciar sua descida à superfície lunar.

A área onde o módulo pousou nesta quinta-feira é uma das 13 regiões candidatas para a missão de pouso lunar tripulada Artemis III da Nasa, programada para setembro de 2026. A agência espacial acredita que essa região inexplorada pode conter depósitos de água congelada.

A missão da Intuitive Machines tem como objetivo consolidar um caminho para levar instrumentos científicos da Nasa à Lua, assim como cargas comerciais, e, dessa maneira, abrir caminho para uma presença humana sustentável no satélite natural.

Tentativas fracassadas

Tentativas de alcançar a Lua não são novas. O satélite natural está repleto de destroços de aterrissagens fracassadas. Recentemente, porém, houve grandes sucessos. Já algumas missões nem chegaram tão longe. Outra empresa dos EUA, a Astrobotic Technology, tentou enviar um módulo de pouso à Lua no mês passado, mas não chegou lá devido a um vazamento de combustível. O módulo de aterrissagem caiu de volta na atmosfera, queimando sobre o Pacífico.

Confira um resumo dos vencedores e perdedores na Lua:

Primeiras vitórias

A Luna 9 da União Soviética pousa com sucesso na Lua em 1966, depois que suas antecessoras caíram ou sequer conseguiram chegar ao satélite. Os EUA seguem quatro meses depois com a Surveyor 1. Ambos os países conseguem mais aterrissagens não tripuladas, enquanto a corrida se acirra para o pouso tripulado.

Apollo vence corrida

A Nasa vence a corrida espacial contra os soviéticos em 1969 com o pouso na Lua de Neil Armstrong e Buzz Aldrin, da Apollo 11. Doze astronautas exploram a superfície em seis missões, até o programa terminar com a Apollo 17, em 1972. Ainda o único país a enviar seres humanos à Lua, os EUA esperam levar tripulações de volta à superfície do satélite natural até o final de 2026, um ano depois de um voo tripulado sobrevoar a Lua.

China entra na disputa

Em 2013, a China se torna o terceiro país a pousar com sucesso na Lua, ao lançar um veículo espacial chamado Yutu, que significa coelho de jade em chinês. Em 2019, a China realiza um segundo pouso, com o veículo especial Yutu-2, dessa vez chegando ao lado oculto e inexplorado da Lua, numa impressionante estreia.

Uma missão de coleta de amostras no lado próximo da Lua em 2020 recolhe quase 1,7 quilo de rochas e sujeira lunares. Outra missão de coleta de amostra deve ser lançada em breve, mas desta vez no lado oculto do satélite.

Vista como a maior rival da Nasa em relação à Lua, a China pretende colocar seus astronautas no satélite natural até 2030.

Rússia tropeça

Em 2023, a Rússia tenta fazer seu primeiro pouso lunar em quase meio século, mas a espaçonave Luna 25 se choca contra a Lua. O módulo de pouso anterior do país, o Luna 24 de 1976, não só pousou, mas trouxe rochas lunares à Terra.

Triunfo da Índia

Depois que seu primeiro módulo de aterrissagem se chocar contra a Lua em 2019, a Índia lança o Chandrayaan-3 (nave lunar, em hindi) em 2023. A nave aterrissa com sucesso, tornando a Índia o quarto país a conseguir um pouso lunar. A vitória ocorre apenas quatro dias após a queda da nave da Rússia.

Japão pousa no lado errado

O Japão se torna o quinto país a pousar com sucesso na Lua, com sua espaçonave aterrissando em janeiro. Mas a nave aterrissa do lado errado, comprometendo sua capacidade de gerar energia solar. Mesmo assim, consegue produzir imagens e ciência antes de silenciar quando começa a longa noite lunar.

Tentativas privadas

Um módulo de pouso com financiamento privado de Israel, chamado Beresheet, que em hebraico significa “no início”, cai na Lua em 2019. Uma empresa japonesa, a ispace, lança um módulo de pouso lunar em 2023, mas ele também fracassa.

A Astrobotic Technology, uma empresa americana de Pittsburgh, lança seu módulo de pouso em janeiro, mas um vazamento de combustível impede o pouso e condena a nave. A Astrobotic e a Intuitive Machines planejam mais lançamentos à Lua.

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